sexta-feira, 9 de julho de 2010

Mês de Julho - honremos o Sangue de Jesus

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No antigo calendário litúrgico, o dia 1º de julho era dedicado ao Preciosíssimo Sangue de N. S. Jesus Cristo. Após o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI uniu sua celebração à do Corpo de Cristo (Corpus Christi), que oficialmente passou a se chamar solenidade do “Sacratíssimo Corpo e Sangue de Cristo”. Nada impede que dediquemos o mês de julho – tempo de férias, descanso – para prestar um culto especial ao Sangue de Cristo, grandioso sinal do amor misericordioso do Senhor para conosco, já que a maior prova de amor é dar a vida por quem se ama, de modo especialíssimo morrendo pelo outro (martírio).
O Filho de Deus quis livremente assumir em si mesmo o princípio (ritual, ético e espiritual) do Antigo Testamento o qual expressa que “sem efusão de sangue não há remissão” (Hb 9,22).

A este propósito, vale recordar as palavras do Papa João Paulo II: “O sinal do "sangue derramado", como expressão da vida doada de modo cruento em testemunho do amor supremo, é um acto da condescendência divina à nossa condição humana. Deus escolheu o sinal do sangue, porque nenhum outro sinal é tão eloquente para indicar o envolvimento total da pessoa” (Discurso às associações dedicadas ao culto do Sangue de Cristo, 1/07/2000, n. 2). O Novo Testamento atesta sobejamente que o “precioso sangue [pretióso sánguine]” (1Pd 1,19) ou “sangue inocente” (Mt 27,4) do Filho de Deus é fonte especial de benefícios para a humanidade; é sobretudo em ambientes de judeu-cristãos de língua grega (Jerusalém, Antioquia) que se enfatiza a interpretação “tipológica cultual” (servindo-se de imagens do Antigo Testamento, sobretudo ligadas às liturgias no templo) do caráter expiatório do sangue de Cristo (cf. Kessler, Hans, Cristologia, Queriniana, 2001, p. 80), o que, porém, não lhe altera a veracidade.
Para alimentar a nossa fé e piedade, elencamos a seguir 10 valiosos ensinamentos bíblicos sobre o valor do Sangue de Jesus:
01. Pelo sangue de Jesus é selada a Nova Aliança entre Deus e a humanidade, infinitamente superior à primeira: coroando uma vida inteira de entrega ao Pai por cada um de nós, na Última Ceia Jesus declarou: “Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados” (Mt 26,28; cf. Mc 14,24; 1Cor 11,25; Hb 9,18; 10,29; 12,24).
02. Pelo sangue de Jesus derramado livremente em sacrifício, temos agora Alguém que nos pode guiar com segurança neste mundo: na condição de sacerdote-altar-cordeiro, o Senhor Crucificado se torna o “Bom Pastor” por excelência, sendo plenamente coerente com o que ensina: “O Deus da paz, que fez subir dentre os mortos aquele que se tornou, pelo sangue de uma aliança eterna, o grande Pastor das ovelhas, nosso Senhor Jesus...” (Hb 13,20). O sangue, a água e o Espírito também “testemunham” a favor da inigualável condição de Filho de Deus (1Jo 5,6.8).
03. Pelo sangue de Jesus se dá a verdadeira purificação do pecado da humanidade, da qual se espera uma resposta de fé e amor: No Antigo Testamento o propiciatório era aspergido com sangue durante rituais expiatórios (cf. Lv 16,1.15), figura do que haveria de vir: “Deus o expôs [Jesus Cristo] como instrumento de propiciação, por seu próprio sangue, mediante a fé” (Rm 3,25; cf. 5,9); “E é pelo sangue deste [o Amado] que temos a redenção, a remissão dos pecados” (Ef 1,7; cf. 1Pd 1,18-19; Ap 1,5; 5,9).
04. Pelo sangue de Jesus o gênero humano foi libertado do domínio do demônio: após o pecado dos primeiros pais, Satanás ganhou amplo espaço para agir no mundo e na história, o que foi alterado com a Encarnação Redentora do Filho de Deus: “Uma vez que os filhos têm em comum carne e sangue, por isso também ele participou da mesma condição, a fim de destruir pela morte o dominador da morte, isto é, o diabo” (Hb 2,14); “Eles [os nossos irmãos], porém, o venceram [o acusador] pelo sangue do Cordeiro” (Ap 12,11).
05. Pelo sangue de Jesus podemos nos aproximar mais de Deus e entre nós, renovando-se assim o amor, a comunhão: a primeira aproximação que se operou foi entre gentios e judeus (Ef 2,14), seguida pela de todos: “Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que outrora estáveis longe, fostes trazido para perto, pelo sangue de Cristo” (Ef 2,13); “...realizando a paz pelo sangue da sua cruz” (Cl 1,20).  
06. Pelo sangue de Jesus somos santificados, ou seja, reservados para Deus e o que Lhe diz respeito, bem como abençoados, ou seja, cumulados com inúmeros benefícios (sobretudo espirituais): aquele que acolhe a salvação do Senhor e procura viver o seu Evangelho faz parte do seu povo santo: “Foi por isso que Jesus, para santificar o povo por seu próprio sangue, sofreu do lado de fora da porta” (Hb 13,12 – alusão ao fato de que Jesus foi crucificado fora dos muros da cidade: Mt 27,32p); “...para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção da aspersão do seu sangue” (1Pd 1,2). At 20,28 nos recorda que o Pai adquiriu para si a “Igreja de Deus” mediante “o sangue do seu próprio Filho” (cf. Ef 5,25-27).
07. Pelo sangue de Jesus cada ser humano, em particular, pode obter a libertação de tudo o que nele se opõe à vontade divina: com nosso livre arbítrio, devemos permitir que os efeitos da redenção nos atinjam aqui e agora, transformando a nossa inteligência, vontade, os sentimentos, impulsos: “...quanto mais o sangue de Cristo que, por um Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha, há de purificar a nossa consciência das obras mortas para que prestemos um culto ao Deus vivo” (Hb 9,14; cf. 1Jo 1,7-9).
08. Pelo sangue de Jesus misticamente recebido na Eucaristia, obtemos paulatinamente a vida plena: É o que Jesus nos prometeu no famoso discurso sobre o pão da vida: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não ... beberdes o sangue [do Filho do Homem], não tereis a vida em vós... a vida eterna...” (Jo 6,53-56; cf. 1Cor 10,16). A imagem antiga do sangue como símbolo da vida encontra aqui seu sentido mais pleno.
09. Pelo sangue de Jesus ,temos acesso ao Paraíso, à eterna comunhão de amor com Deus: o cerimonial israelita da expiação é substituído pela única oferenda do sangue de Cristo, permitindo-nos o acesso ao “Santo dos Santos”: “Ele entrou uma vez por todas no Santuário, não com o sangue de bodes e de novilhos, mas com o próprio sangue, obtendo uma redenção eterna” (Hb 9,12); “Sendo assim, irmãos, temos a plena garantia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus” (Hb 10,19).
10. Pelo sangue de Jesus seremos capazes de celebrar eternamente a Sua e a nossa vitória! Para isso a comunidade cristã e cada batizado precisam estar unidos ao Senhor (que “veste um manto embebido de sangue” – Ap 19,13), sobretudo durante as tentações ou provações: “Estes são os que vêm da grande tribulação: lavaram suas vestes e alvejaram-nas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14).
Pe. Jonas Eduardo, MIC
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