quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Nossa Senhora das Sete Alegrias e a Coroa Franciscana

alegrias de Nossa Senhora 

Nossa Senhora das Sete Alegrias, ou
Nossa Senhora das Alegrias, ou ainda  
Nossa Senhora dos Prazeres são diferentes nomes que são atribuídos à devoção às sete alegrias de Maria, Mãe de Deus.







São estas as alegrias:
  •   A anunciação do anjo.
  •   A saudação de Isabel.
  •   O nascimento de Jesus.
  •   A visita dos Reis Magos.
  •   Encontrar Jesus menino no templo.
  •   O encontro com Jesus ressuscitado. 
  •  A sua assunção e coroação no céu.

Esta devoção foi difundida principalmente por franciscanos, tanto que o "terço" em que se medita estes momentos de felicidade acabou sendo denominado de coroa franciscana. No Brasil esta devoção e prática orante chegou com Frei Pedro Palácios, um espanhol que veio para Espírito Santo, em outubro de 1558 e trouxe consigo um painel de Nossa Senhora das Alegrias.
A Coroa Franciscana
O historiador, Frei Luke Wadding (1588-1657), marca como data de começo desta devoção o ano de 1422, no qual ingressou na Ordem um jovem muito piedoso, que sabia demonstrar sua devoção a Virgem Maria, oferecendo uma coroa com rosas frescas para colocar sobre uma estatua da Santíssima Virgem.
Quando ingressou na Ordem foi proibida esta devoção e por isso, quis deixar a Ordem, mas em uma visão da Virgem, esta lhe indica que não deixe a Ordem, nem se entristeça por não poder continuar com sua devoção, lhe pede que, em lugar da coroa de flores frescas, que murcham e às vezes não se conseguem, lhe ofereça uma Espiritual, sempre fresca e mais apreciada por ela: é realizada com flores criadas rezando e meditando as sete alegrias que ela viveu na terra.
O novicio começou esta devoção e, estando em oração, o Mestre de Noviços teve uma visão: a de um anjo que ia tecendo uma coroa de rosas, à medida que o noviço rezava, e depois de cada dezena de rosas, colocava um lírio dourado, ao terminar de rezar o noviço, o anjo colocou a coroa sobre a cabeça do noviço orante.
Estava tão maravilhado o Mestre de noviços que lhe perguntou sobre o significado da visão que havia tido, e ao ouvir a explicação, o contou a todos os irmãos, e logo se difundiu esta devoção a toda a Família Franciscana.
Como rezar a Coroa Franciscana
1 Pai-Nosso,
10 Ave-Marias,
1 Glória e a meditação da alegria;
repete-se isto para cada uma das alegrias.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Santa Isabel da Hungria


Santa Isabel da Hungria Hoje celebramos a memória de uma mulher de Deus, que devida sua vida de santidade teve o seu nome em muitas instituições de caridade e foi declarada como Padroeira da Ordem Terceira Franciscana. Isabel era filha de André, rei da Hungria, e nasceu num tempo em que os acordos das nações eram selados com o casamento. No caso de Isabel, ela fora prometida a Luís IV (duque hereditário da Turíngia) em matrimônio, um pouco depois de seu nascimento em 1207.

Santa Isabel foi morar na corte do futuro esposo e lá começou a sofrer veladas perseguições por parte da sogra que, invejando o amor do filho para com a santa, passou a caluniá-la como esbanjadora, já que tinha grande caridade para com os pobres. Mulher de oração e generosa em meio aos sofrimentos, Isabel sempre era em tudo socorrida por Deus. Quando já casada e com três filhos, perdeu o marido numa guerra e foi expulsa da corte pelo tio de seu falecido esposo, agora encarregado da regência.

Aconteceu que Isabel teve que se abrigar num curral de porcos com os filhos, até ser socorrida como pobre pelos franciscanos de Eisenach, uma vez que até mesmo os mendigos e enfermos ajudados por ela insultavam-na, por temerem desagradar o regente. Ajudada por um tio que era Bispo de Bamberga, Isabel logo foi chamada para voltar à corte, e seus direitos, como os de seus filhos, foram reconhecidos, isto porque os companheiros de cruzada do falecido rei tinham voltado com a missão de dar proteção à Isabel, pois nisto consistiu o último pedido de Luís IV.

Santa Isabel não quis retornar para Hungria; renunciou aos títulos, além de entrar na Ordem Terceira de São Francisco. Fundou um convento de franciscanas em 1229 e pôs-se a servir os doentes e enfermos até morrer, em 1231, com apenas 24 anos num hospital construído com seus bens.

Santa Isabel da Hungria, rogai por nós!


FONTE CANÇÃO NOVA



terça-feira, 10 de novembro de 2009

São Leão Magno


São Leão Magno O santo de hoje mostrou-se digno de receber o título de "Magno", que significa Grande, isto porque é considerado um dos maiores Papas da história da Igreja, grande no trabalho e na santidade. São Leão Magno nasceu em Toscana (Itália) no ano de 395 e depois de entrar jovem no seminário, serviu a diocese num sacerdócio santo e prestativo.

Ao ser eleito Papa, em 440, teve que evangelizar e governar a Igreja numa época brusca do Império Romano, pois já sofria com as heresias e invasões dos povos bárbaros, com suas violentas invasões. São Leão enfrentou e condenou o veneno de várias mentiras doutrinais, porém, combateu com intenso fervor o monofisismo que defendia, mentirosamente, ter Jesus Cristo uma só natureza e não a Divina e a humana em uma só pessoa como é a verdade. O Concílio de Calcedônia foi o triunfo da doutrina e da autoridade do grande Pontífice. Os 500 Bispos que o Imperador convocara, para resolverem sobra a questão do monofisismo, limitaram-se a ler a carta papal, exclamando ao mesmo tempo: "Roma falou por meio de Leão, a causa está decidida; causa finita est".

Quanto à dimensão social, Leão foi crescendo, já que com a vitória dos desordeiros bárbaros sobre as forças do Império Romano, a última esperança era o eloquente e santo Doutor da Igreja, que conseguiu salvar da destruição, a Itália, Roma e muitas pessoas. Átila ultrapassara os Alpes e entrara na Itália. O Imperador fugia e os generais romanos escondiam-se. O Papa era a única força capaz de impedir a ruína universal. São Leão sai ao encontro do conquistador bárbaro, acampado às portas de Mântua. É certo que o bárbaro abrandou-se ao ver diante de si, em atitude de suplicante, o Pontífice dos cristãos e retrocedeu com todo o seu exército.

Dentre tantas riquezas em obras e escritos, São Leão Magno deixou-nos este grito: "Toma consciência, ó cristão da tua dignidade, já que participas da natureza Divina".

Entrou no Céu no ano de 461.


São Leão Magno... rogai por nós!

FONTE CANÇÃO NOVA



O SENTIDO E O SIGNIFICADO DAS CHAGAS DE SÃO FRANCISCO

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Mais do que desvendar o caráter histórico das Chagas de São Francisco, importa refletir sobre a experiência de vida que se esconde sobre este fato. O que significa a expressão de Celano "levava a cruz enraizada em seu coração"? O que isso significou para o próprio Francisco? Há um significado para nós hoje, naquilo que com ele ocorreu?
Um erro comum é o de ver São Francisco como uma figura acabada, pronta, sem olhar para a caminhada que ele fez até chegar à semelhança perfeita (configuração) com o Cristo. O que ocorreu no Monte Alverne é o cume de toda uma vida, de uma busca incessante de Francisco em "seguir as pegadas de Jesus Cristo". Francisco lançou-se numa aventura, sem tréguas, na qual deu tudo de si: a vontade, a inteligência e o amor. As chagas significam que Deus é Senhor de sua vida. Deus encontrou nele a plena abertura e a máxima liberdade para sua presença.
O segundo significado das chagas é o de que Deus não é alienação para o ser humano, ao contrário, é sua plena realização e salvação. Colocando-se como centro da própria vida é que o homem se aliena e se destrói; torna-se absurdo para si mesmo no fechamento do seu 'ego'. O homem só encontra sua verdadeira identidade, sua própria consistência e o sentido de sua existência em Deus. E Francisco fez esta descoberta: Jesus Cristo foi crucificado em razão de seu amor pela humanidade - "amou-os até o fim" - , e ele percorre este mesmo caminho.
O terceiro significado: as chagas expressam que a vivência concreta do amor deixa marcas. A exemplo de Cristo, Francisco quis suportar/carregar e amar os irmãos para além do bem e do mal (amor incondicional). Essa atitude o levou a respeitar e acolher o 'negativo' dos outros mantendo a fraternidade apesar das divisões. Esse acolher e integrar o negativo da vida é a única forma de vencer o 'diabólico', rompendo com o farisaísmo e a autosuficiência, aniquilando o mal na própria carne. Só assim, o homem é de fato livre, porque não apenas suporta, mas ama e abraça o negativo que está em si e nos outros.
O quarto significado: seguir o Cristo implica em morrer um pouco a cada dia: "Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz a cada dia e me siga" (Lc 9,23). Não vivemos num mundo que queremos, mas naquele que nos é imposto. Não fazemos tudo o que desejamos, mas aquilo que é possível e permitido. Somos chamados a viver alegremente mesmo com aquilo que nos incomoda, vencendo-se a si mesmo e integrando o 'negativo', de modo que ele seja superado. Nós seremos nós mesmos na mesma medida em que formos capazes de assumir nossa cruz. As chagas de São Francisco são as chagas de Cristo, e elas nos desafiam: ninguém pode conservar-se neutro, sem resposta diante da vida.
São Francisco não contentou-se em unicamente seguir o Cristo. No seu encantamento com a pessoa do Filho de Deus, assemelhou-se e configurou-se com Ele. Este seu modo de viver está expresso na "perfeita alegria", tema central da espiritualidade franciscana: "Acima de todos os dons e graças do Espírito Santo, está o de vencer-se a si mesmo, porque dos todos outros dons não podemos nos gloriar, mas na cruz da tribulação de cada sofrimento nós podemos nos gloriar porque isso é nosso".


Frei Régis G. Ribeiro Daher

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Oração que São Pio fazia para SANTA MARIA DELLE GRAZIE (NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS)

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Ó celeste tesoureiro de todas as graças, Mãe de Deus e minha Mãe, Maria, que é a filha primogênita do Pai eterno e que tem em mãos a Sua onipotência, tenha piedade de minha alma e conceda-me a graça que fervorosamente lhe suplico.
  • Ave-Maria.
Ó misericordiosa dispensadora das graças divinas, Maria Santíssima, Mãe do Verbo encarnado que a coroou com a Sua imensa sapiência, considere a grandeza do meu sofrimento e conceda-me a graça de que tanto preciso.
  • Ave-Maria.
Ó amorosíssima dispensadora das graças divinas, Imaculada esposa do eterno Espírito Santo, Maria Santíssima, que dEle recebeu um coração que se comove por piedade das desventuras humanas e não pode resistir a consolar os que sofrem, tenha piedade de minha alma e conceda-me a graça que eu espero com plena confiança na sua imensa bondade.
  • Ave-Maria.
Sim, sim, ó minha Mãe, tesoureira de todas as graças, refúgio dos pobres pecadores, consoladora dos aflitos, esperança de quem se desespera e auxílio poderosíssimo dos cristãos, deposito-lhe toda a minha confiança e tenho certeza de que me obterá de Jesus a graça que tanto desejo, desde que seja para o bem de minha alma.
  • Salve Rainha.

domingo, 8 de novembro de 2009

Como rezar melhor

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Nós precisamos rezar mais e melhor. Em Medjugorje, os jovens videntes perguntaram a Nossa Senhora como fariam para “rezar melhor”, uma vez que Ela recomendava sempre a eles que “rezassem com o coração”, que “rezassem melhor”. Nossa Senhora respondeu como Mãe: “Rezem mais”.
Porque é assim: se você começa a caminhar – e muita gente faz caminhada de manhã cedo, à tarde, alguns fazem até à noite depois que voltam do serviço porque não têm outra hora –, quanto mais você caminha, mais vai ficando bom na caminhada. Quanto menos você caminha, mais mole fica. Seus músculos vão ficando mais flácidos. Você se cansa mais facilmente. Fica sem fôlego. Da mesma forma, quanto mais você corre, melhor fica na corrida. Quanto mais você nada, melhor fica na natação. Quanto mais você reza, melhor fica na oração. Para rezar melhor é preciso rezar mais.
A Santíssima Virgem deu, dessa forma, uma receita excelente para todos nós. Além das orações que fazemos, é preciso rezar o rosário todos os dias.
Nossa Senhora está recomendando que rezemos não somente o terço, mas o rosário inteiro. Meditando os mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos. Posso testemunhar para você: Antigamente rezar um terço já me era enfadonho, cansativo, demorado. Hoje, graças a Deus, rezar um terço e até o rosário tornou-se fácil. Eu sei que há dias em que chega a noite e ainda não consegui rezá-lo. Então, me obrigo a rezar o que falta ou até o rosário inteirinho à noite. Algumas vezes, torna-se pesado por causa disso, mas eu enfrento, graças a Deus! Por quê? Assim como você, caminhando todos os dias, fica bom em caminhada, e percorrer aqueles quilômetros torna-se fácil, o rosário é a forma de adquirirmos fôlego.
Se você quer ser atleta, precisa de fôlego. Hoje, no mundo em que estamos, enfrentando esta poluição espiritual, precisamos ser atletas para vencer. Os moles vão cair. Os frouxos vão perecer. Só os “atletas” irão superar!
É preciso que todos nós sejamos atletas de Cristo. O atleta de Cristo é treinado pela oração. É rezando, rezando e rezando, que criamos fôlego e nos tornamos os atletas de Cristo. A vitória é para os atletas. Os moles não vão conseguir nada.
Você que é “recata” e que precisa da presença de Nossa Senhora para “recatar” os seus, garanta-a [recata] por meio da oração. Para você ter fôlego na oração reze o rosário todos os dias. Essa é a segunda pedrinha: o rosário todos os dias! Se você não conseguir logo de início, não se preocupe! Comece com o terço. Reze o terço! Em pouco tempo estará rezando dois terços… E depois o rosário. Será bonito você andar com passos decididos e é isso o que Deus quer. Por amor de Deus, por amor de você e por amor dos seus, reze o rosário todos os dias!
Monsenhor Jonas Abib

sábado, 7 de novembro de 2009

O Cântico do Irmão Sol

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Quase moribundo, São Francisco compôs o Cântico do Irmão Sol (ou Cântico da Criaturas). Até o fim da vida, queria ver o mundo inteiro num estado de exaltação e louvor a Deus.
No outono de 1225, enfraquecido pelos estigmas e enfermidades, ele se retirou para São Damião. Quase cego, sozinho numa cabana de palha, em estado febril e atormentado pelos ratos, deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a criação.
A penúltima estrofe, que exalta o perdão e a paz, foi composta em julho de 1226, no palácio episcopal de Assis, para pôr fim a uma desavença entre o bispo e o prefeito da cidade. Estes poucos versos bastaram para impedir a guerra civil. A última estrofe, que acolhe a morte, foi composta no começo de outubro de 1226.
A oração do santo diante do crucifixo de São Damião e o Cântico do Sol são as únicas obras de São Francisco escritas em italiano antigo e, por isso, são dos mais importantes documentos literários da linguagem popular. Foi nesta língua que ele, certamente, ditou a maioria dos seus escritos, antes que os irmãos versados em letras os traduzissem para a língua comum da época, o latim.

O Cântico do Irmão Sol
Altíssimo, onipotente, bom Senhor
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a benção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar
Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o senhor irmão Sol,
Que clareia o dia E com sua luz nos alumia.
E ele é belo e radiante
Com grande esplendor:
De ti, Altíssimo, é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formaste as claras
E preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Vento,
Pelo ar, ou nublado
Ou sereno, e todo o tempo,
Pelo qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor
Pela irmã Água,
Que é muito útil e humilde
E preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Fogo
Pelo qual iluminas a noite,
E ele é belo e jucundo
E vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a mãe Terra,
Que nos sustenta e governa
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados os que as sustentam em paz,
Que por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes à tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

                                 Fátima on-line


Paz e bem.

O Santuário de Fátima nos permite acessar pela internet, as celebrações realizadas na Capelinha das Aparições, bem como a tudo o que se passa diante do altar e da Imagem da Mãe.
Este novo serviço estará disponível 24h00 por dia, em ">http://www.fatima.pt/capelinha.html
Num comunicado enviado à impresa o Santuário de Fátima refere que "este serviço surge em resposta aos muitos pedidos que os internautas fizeram chegar nos últimos anos ao Santuário de Fátima". Desta forma é agora possivel "ver em directo o chamado ‘coração' do Santuário de Fátima, e acompanhar as celebrações ali realizadas".

Não se admirem do espaço à volta do altar estar quase sempre sem movimento, isto tem a ver com a privacidade e o direito à imagem de cada pessoa.


A Centralidade de Cristo na Vida de São Francisco de Assis

 

Francisco na Cruz
Introdução
Da vida e do modo de ser de São Francisco nasceu uma inspiração de vida, um caminho. A espiritualidade franciscana é fundamentalmente seguimento de Cristo, pobre, humilde e crucificado. E o seguimento torna-se um encantamento, que por sua vez leva à configuração com o Cristo.


1. A experiência do seguimento que São Francisco faz não segue uma ordem cronológica da vida de Cristo (nascimento, vida adulta, paixão e morte), mas é uma descoberta gradativa do único e mesmo mistério de Cristo, revelação do amor e da misericórdia de Deus para com a humanidade.
2. Assim, ao longo de sua vida, Francisco descobre e experimenta a pessoa e o mistério de Cristo nas suas três dimensões, inspirando nele três atitudes:
a pobreza da encarnação: o seguimento;
a humildade da eucaristia: o encantamento;
e a doação total da paixão e cruz: a configuração.
3. De outro modo, poderíamos dizer que a experiência cristológica de Francisco tem um começo (a encarnação), um meio (a eucaristia) e um fim (a cruz), não porém, numa ordem cronológica mas numa ordem espiritual.
4. Na experiência pessoal de Francisco, a cruz está no início (São Damião e o leproso) e no fim (as chagas e o Monte Alverne); no 'meio' está a encarnação (Greccio) e a eucaristia.
5. A ENCARNAÇÃO - São Francisco descobre a pobreza do Filho de Deus e de sua Mãe, como condição para se fazer um de nós:
"Quero evocar a lembrança do Menino que nasceu em Belém e todos os incômodos que sofreu desde a sua infância; quero vê-lo tal qual ele era, deitado numa manjedoura e dormindo sobre o feno, entre um boi e um burro" (1Cel, 84).
"Se o Filho de Deus desceu da grande altura que separa o seio do Pai de nossa abjeção, foi para nos ensinar a humildade, Ele, o Senhor e Mestre, pela palavra e pelo exemplo" (LM 6,1).

Quando São Francisco de Assis, em sua intuição original recriou no presépio de Greccio, a expressão poética do natal, desejava experimentar e reviver na própria carne, o mistério e o encantamento, o amor e a dor, a contradição da glória divina revelada na pobreza do Filho de Deus. Desde então, compor um presépio com figuras e materiais comuns e ordinários, tornou-se um ato de fé, vislumbrando a presença do Deus encarnado em tudo aquilo que constitui a vida. Para contemplar o presépio e nele descobrir a revelação divina no cotidiano humano, há uma condição: é preciso mudar o coração e o olhar, porque o mundo tornou-se presépio.
6. A EUCARISTIA - São Francisco experimenta o encantamento pela presença real de Cristo na eucaristia, como encarnação (presépio) repetida e permanente no meio de nós:
"Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência! Ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência do pão. Vede, irmãos, que humildade a de Deus! Derramai ante Ele os vosso corações! Humilhai-vos para que Ele vos exalte! Portanto, nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá!" (C.tOrdem, 26-29).
Atitude eucarística = resposta de vida.
7. A CRUZ - As chagas de São Francisco não é ponto de 'chegada', o fim de sua vida, antes é sinal da configuração vivida ao longo de toda a sua vida. É o mesmo mistério de amor da encarnação e da eucaristia:
" Ó Senhor, meu Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças antes de eu morrer: a primeira é que, em vida, eu sinta na alma e no corpo, tanto quanto possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua dolorosa Paixão. A segundo, é que eu sinta, no meu coração, tanto quanto possível, aquele excessivo amor, do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado, para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores" (3ª Cons.Estigmas).
"Francisco já tinha morrido para o mundo, mas Cristo estava vivo nele. As delícias do mundo eram uma cruz para ele, porque levava a cruz enraizada em seu coração. Por isso fulgiam exteriormente em sua carne os estigmas, cuja raiz tinha penetrado profundamente em seu coração" (2Cel 211).
>> O primeiro significado das chagas: significam que Deus é Senhor de sua vida. Deus encontrou nele a plena abertura e a máxima liberdade para sua presença.
>> O segundo significado das chagas é o de que Deus não é alienação para o ser humano, ao contrário, é sua plena realização e salvação.
>> O terceiro significado: as chagas expressam que a vivência concreta do amor deixa marcas. A exemplo de Cristo, Francisco quis suportar/carregar e amar os irmãos para além do bem e do mal (amor incondicional). As chagas não vêm de fora, nascem dentro da vida (corpo e alma).
>> O quarto significado: seguir o Cristo implica em morrer um pouco a cada dia: "Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz a cada dia e me siga" (Lc 9,23).
8. A EXPERIÊNCIA DO 'PEREGRINO PASCAL'
Foi depois de um longo caminho de purificação interior, de renúncia, de integração, que Francisco tornou-se um homem reconciliado. É romantismo e ilusão imitar São Francisco sem, no entanto, abraçar a renúncia, a pobreza, a cruz. É pura fantasia começar onde ele terminou. A vida toda de Francisco foi um reconciliar-se contínuo com todas as dimensões da existência: a interior (consigo mesmo), a superior (com Deus), e a exterior (com a natureza).
a) A reconciliação consigo mesmo
Num determinado momento de sua juventude, Francisco converteu-se. Houve uma "virada" no seu modo de ser, de comportar-se, de relacionar-se. Aconteceu uma ruptura e iniciou um pesado processo de purificação interior: vigílias, jejuns, penitências, privações, e o encontro com o leproso. Ele abraça e ama alegremente o próprio negativo, vencendo o diabólico em si mesmo. Enfrenta o mal na sua fonte, o próprio coração, integrando-o em vez de negá-lo.
b) A reconciliação com Deus
Francisco fez uma profunda experiência de Deus (cf. a oração Louvores a Deus). Descobriu que a misericórdia de Deus é infinitamente maior que todos os nossos pecados, porque seu amor é maior que o nosso coração (Lc 6,35). Deus não se deixa vencer por nossos pecados. Por isso, quando o pecado é assumido na humildade e simplicidade, torna-se caminho de encontro com Deus.
c) A reconciliação com a natureza
Deste mergulho no mistério de Deus, Francisco descobriu a fonte de tudo e sentiu ligado à todas as coisas e pessoas, porque elas não estão jogadas aí, alcance da mão do homem. Ele não se coloca sobre as coisas, mas junto delas, como irmão na mesma casa.
Colocando-se no mesmo nível das criaturas, Francisco não se define pela diferença com elas, mas pelo que tem em comum. Desse modo de ser é que nasce a sua pobreza. Ele deixa as coisas serem, renuncia a dominá-las e submetê-las, ou usá-las como objetos de posse e poder. Pobre, se sentia livre e fraterno para comungar com todas as coisas, porque não tinha mais o que perder.
d) A reconciliação com os outros - a perfeita alegria
Francisco não espera pela mudança dos outros. Começa por si mesmo, inspirando-se no amor de Deus que suporta e ama para além do bem e do mal (Mt 5,45 e Lc 6,35). Acolher as sombras dos outros é para ele, manter os laços da fraternidade apesar do negativo. Não apenas suporta, mas ama e acolhe alegremente o negativo. Só deste modo o homem torna-se verdadeiramente livre, pois nada mais poderá ameaçá-lo (o testemunho de Freud).
São Boaventura afirmou que "Francisco parecia ter voltado ao primitivo estado de inocência original, nasceu em seu coração o paraíso terrestre". Por esse modo-de-ser, franciscano, o homem pode viver e celebrar o mundo como um paraíso, quando ele mesmo se transfigurou e se reconciliou com todas as dimensões de sua história e de sua existência.
Frei Régis Daher

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Tau - Símbolos e significados

images Há certos sinais que revelam uma escolha de vida. O TAU, um dos mais famosos símbolos franciscanos, hoje está presente no peito das pessoas num cordão, num broche, enfeitando paredes numa escultura expressiva de madeira, num pôster ou pintura. Que escolha de vida revela o TAU? Ele é um símbolo antigo, misterioso e vital que recorda tempo e eternidade. A grande busca do humano querendo tocar sempre o divino e este vindo expressar-se na condição humana. Horizontalidade e verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o símbolo do TAU riscado nas cavernas do humano primitivo. Nos objetos do Faraó Achenaton no antigo Egito e na arte da civilização Maia. Francisco de Assis o atualizou e imortalizou. Não criou o TAU, mas o herdou como um símbolo seu de busca do Divino e Salvação Universal.
TAU, SINAL BÍBLICO
Existe somente um texto bíblico que menciona explicitamente o TAU, última letra do alfabeto hebraico, Ezequiel 9, 1-7: "Passa pela cidade, por Jerusalém, e marca com um TAU a fronte dos homens que gemem e choram por todas as práticas abomináveis que se cometem". O TAU é a mais antiga grafia em forma de cruz. Na Bíblia é usado como ato de assinalar. Marcar com um sinal é muito familiar na Bíblia. Assinalar significa lacrar, fechar dentro de um segredo, uma ação. É confirmar um testemunho e comprometer aquele que possui o segredo. O TAU é selo de Deus; significa estar sob o domínio do Senhor, é a garantia de ser reconhecido por Ele e ter a sua proteção. É segurança e redenção, voltar-se para o Divino, sopro criador animando nossa vida como aspiração e inspiração.
O TAU NA IDADE MÉDIA
Vimos o significado salvífico que a letra hebraica do TAU recebe na Bíblia. Mas o TAU tem também um significado extrabíblico, bastante divulgado na Idade Média: perfeição, meta, finalidade última, santo propósito, vitória, ponto de equilíbrio entre forças contrárias. A sua linha vertical significa o superior, o espiritual, o absoluto, o celeste. A sua linha horizontal lembra a expansão da terra, o material, a carne. O TAU lembra a imagem do sustentáculo da serpente bíblica: clavada numa estaca como sinal da vitória sobre a morte. Uma vitória mística, isto é, nascer para uma vida superior perfeita e acabada. É cruz vitoriosa, perfeição, salvação, exorcismo. Um poder sobre as forças hostis, um talismã de fé, um amuleto de esperança usado por gente devota sensível.
O TAU DO PENITENTE
Francisco de Assis viveu em um ambiente no qual o TAU estava carregado de uma grande riqueza simbólica e tradicional. Assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua conversão e da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o jovem renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do Crucificado que o fascinou. Escolhe ser um cavaleiro penitente: eliminar os excessos, os vícios e viver a transparência simples das virtudes. Na sua luta interior chegou a uma vitória interior. Um homem que viveu a solidão e o desafio da comunhão fraterna; que viveu o silêncio e a canção universal das criaturas; que experimentou incompreensão e sucesso, que vestiu o hábito da penitência, que atraiu vidas, encontrou um modo de marcar as paredes de Santa Maria Madalena em Fontecolombo, de assinar cartas com este sinal. De lembrar a todos que o Senhor nos possui e nos salva sob o signo do TAU.
O TAU FRANCISCANO
O TAU franciscano atravessa oito séculos sendo usado e apreciado. É a materialização de uma intuição. Francisco de Assis é um humano que se move bem no universo dos símbolos. O que é o TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro e o falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o elemento discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação. Francisco de Assis está penetrado e iluminado, apaixonado e informado pela Palavra de Deus, a Palavra da Verdade. É um batalhador incansável da Paz, o Profeta da Harmonia e Simplicidade. É a encarnação do discernimento: pobre no material, vencedor no espiritual. Marcou-se com este sinal da luz, vida e sabedoria.
O TAU COMO IDEAL
No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concílio na Igreja Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bipos, 800 abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9, 1-7. Queria honrar novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor.
O TAU NAS FONTES FRANCISCANAS
Os biógrafos franciscanos nos dão testemunhos da importância que São Francisco dava ao TAU: "O Santo venerava com grande afeto este sinal", "O sinal do TAU era preferido sobre qualquer outro sinal", "O recomendava, freqüentemente, em suas palavras e o traçava com as próprias mãos no rodapé das breves cartas que escrevia, como se todo o seu cuidado fosse gravar o sinal do TAU, segundo o dito profético, sobre as fontes dos homens que gemem e lutam, convertidamente a Jesus", "O traçava no início de todas as suas ações", "Com ele selava as cartas e marcava as paredes das pequenas celas" (cf. LM 4,9; 2,9; 3Cel 3). Assim Francisco vestia-se da túnica e do TAU na total investidura de um ideal que abriu muitos caminhos.
TAU, SINAL DA CRUZ VITORIOSA
Cruz não é morte nem finitude, mas é força transformante; é radicalidade de um Amor capaz de tudo, até de morrer pelo que se ama. O TAU, conhecido como a Cruz Franciscana, lembra para nós esta deslumbrante plenitude da Beleza divina: amor e paz. O Deus da Cruz é um Deus vivo, que se entrega seguro e serenamente à mais bela oferenda de Amor. Para São Francisco, o TAU lembra a missão do Senhor: reconciliadora e configuradora, sinal de salvação e de imortalidade; o TAU é uma fonte da mística franciscana da cruz: quem mais ama, mais sofre, porque muito ama, mais salva. Um poeta dos primeiros tempos do franciscanismo conta no "Sacrum Comercium", a entrega do sinal do TAU à Dama Pobreza pelo Senhor Ressuscitado, que o chama de "selo do reino dos céus". À Dama Pobreza clamam os menores: "Eia, pois, Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da tua graça!" (SC 21,22).
O TAU E A BÊNÇÃO
Francisco se apropriou da bênção deuteronômica, transcreveu-a com o próprio punho e deu a Frei Leão: "Que o Senhor te abençoe e te guarde. Que o Senhor mostre a tua face e se compadeça de ti. Que o Senhor volva o teu rosto para ti e te dê a paz. Irmão Leão; o Senhor te abençoe!" Sob o texto da bênção, o próprio Frei Leão fez a seguinte anotação: "São Francisco escreveu esta bênção para mim, Irmão Leão, com seu próprio punho e letra, e do mesmo modo fez a letra TAU como base". Assim, Francisco, num profundo momento de comunicação divina, com delicadeza paternal e maternal, abençoa seu filho, irmão, amigo e confidente. Abençoar é marcar com a presença, é transmitir energias que vêm da profundidade da vida. O Senhor te abençoe!
O TAU E A CURA DOS ENFERMOS
No relato de alguns milagres, conta-se que Francisco fazia o sinal da cruz sobre a parte enferma dos doentes. Após ter recebido os estigmas no Monte Alverne, Francisco traz em seu corpo as marcas do Senhor Crucificado e Ressuscitado. Marcado pelo Senhor, imprime a marca do Senhor que salva em tudo o que faz. Conta-nos um trecho das Fontes Franciscanas que um enfermo padecia de fortes dores; invoca Francisco e o santo lhe aparece e diz que veio para responder ao seu chamado, que traz o remédio para curá-lo. Em seguida, toca-lhe no lugar da dor com um pequeno bastão arrematado com o sinal do TAU, que traz consigo. O enfermo ficou curado e permaneceu em sua pele, no lugar da dor, o sinal do TAU (cf. 3Cel159). O Senhor identifica-se com o sofrimento de seu povo. Toma a paixão do humano e do mundo sobre si. Afasta a dor e deixa o sinal de Amor.
A COR DO TAU
O TAU, freqüentemente, é reproduzido em madeira, mas quando, pintado, sempre vem com a cor vermelha. O Mestre Nicolau Verdun, num quadro do século XII, representa o Anjo Exterminador que passa enquanto um israelita marca sobre a porta de sua casa um TAU com o Sangue do Cordeiro Pascal que se derrama num cálice. O Vermelho representa o sangue do Cordeiro que se imola para salvar. Sangue do Salvador, cálice da vida! Em Fontecolombo, Francisco deixou o TAU grafado em vermelho. O TAU pintado na casula de Frei Leão no mural de Greccio também é vermelho. O pergaminho escrito para Frei Leão no Monte Alverne, marca em vermelho o Tau que assina a bênção. O Vermelho é símbolo da vida que transcende, porque se imola pelos outros. Caminho de configuração com Jesus Crucificado para nascer na manhã da Ressurreição.
O TAU NA LINGUAGEM
O TAU é a última letra do alfabeto judaico e a décima nona letra do alfabeto grego. Não está aí por acaso; um código de linguagem reflete a vivência das palavras. O mundo judaico e, conseqüentemente, a linguagem bíblica mostram a busca do transcendente. É preciso colocar o Deus da Vida como centro da história. É a nossa verticalidade, isto é, o nosso voltar-se para o Alto. O mundo grego nos ensinou a pensar e perguntar pelo sentido da vida, do humano e das coisas. Descobrir o significado de tudo é pisar melhor o chão, saber enraizar-se. É a nossa horizontalidade. A Teologia e a Filosofia são servas da fé e do pensamento. Quem sabe onde está parte para vôos mais altos. É como o galho de pessegueiro, cortado em forma de tau é usado para buscar veios d'água. Ele vibra quando a fonte aparece cheia de energia. Coloquemos o tau na fonte de nossas palavras!
O TAU, O CORDÃO E OS TRÊS NÓS
Em geral, o Tau pendurado no pescoço por um cordão com três nós. Esse cordão significa o elo que une a forma de nossa vida. O fio condutor do Evangelho. A síntese da Boa Nova são os três conselhos evangélicos=obediência, pobreza, pureza de coração. Obediência significa acolhida para escutar o valor maior. Quem abre os sentidos para perceber o maior e o melhor não tem medo de obedecer e mostra lealdade a um grande projeto. Pobreza não é categoria econômica de quem não tem, mas é valor de quem sabe colocar tudo em comum. Ser pobre, no sentido bíblico-franciscano, é a coragem da partilha. Ser puro de coração é ser transparente, casto, verdadeiro. É revelar o melhor de si. Os três nós significam que o obediente é fiel a seus princípios; o pobre vive na gratuidade da convivência; o casto cuida da beleza do seu coração e de seus afetos. Tudo isto está no Tau da existência!
USAR O TAU É LEMBRAR O SENHOR
Muita gente usa o Tau. Não é um amuleto, mas um sacramental que nos recorda um caminho de salvação que vai sendo feito ao seguir, progressivamente, o Evangelho. Usar o TAU é colocar a vida no dinamismo da conversão: Cada dia devo me abandonar na Graça do Senhor, ser um reconciliado com toda a criatura, saudar a todos com a Paz e o Bem. Usar o TAU é configurar-se com aquele que um dia ilumina as trevas do nosso coração para levar-nos à caridade perfeita. Usar o TAU é transformar a vida pela Simplicidade, pela Luz e pelo Amor. É exigência de missão e serviço aos outros, porque o próprio Senhor se fez servo até a morte e morte de Cruz.
Por Frei Vitório Mazzuco, OFM

São Zacarias e Santa Isabel




São Zacarias e Santa Isabel Neste dia recordamos a vida do casal que teve na Palavra de Deus o principal testemunho de sua santidade, já que eram os pais de João Batista, o precursor de Jesus Cristo. Pelo próprio relato bíblico descobrimos que viviam na aldeia de Ain-Karim e que tinham laços de parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.

"Havia no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Ábias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel" (Lc 1, 6).

Conta-nos o evangelista São Lucas que eram anciãos e não tinham filhos, o que acabava sendo vergonhoso e quase um castigo divino para a sociedade da época. Sendo assim recorreram à força da oração, por isso conseguiram a graça que superou as expectativas. Anunciado pelo Anjo Gabriel e assistido por Nossa Senhora nasceu João Batista; um menino com papel singular na História da Salvação da humanidade: "pois ele será grande perante o Senhor...e será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe (Santa Isabel). Ele reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus" (Lc1, 15s).

Depois do Salmo profético de São Zacarias, onde ele, repleto do Espírito Santo, profetizou a missão do filho, perdemos o contato com a vida do casal, que sem dúvida permaneceram fiéis ao Senhor até o fim de suas vidas. Assim, a Igreja, tanto do Oriente quanto do Ocidente, reconhecem o exemplo deste casal para todos os casais, já que "ambos eram justos diante de Deus e cumpriram todos os mandamentos e observâncias do Senhor" (Lc 1, 6).

São Zacarias e Santa Isabel, rogai por nós!


FONTE CANÇÃO NOVA



terça-feira, 3 de novembro de 2009

Oração à São Francisco de Assis (João Paulo II)

estigmas

Ó São Francisco, estigmatizado do Monte Alverne, o mundo tem saudades de ti, qual imagem de Jesus crucificado.

Tem necessidade do teu coração aberto para Deus e para o homem, dos teus pés descalços e feridos, das tuas mãos trespassadas e implorantes.

Tem saudades da tua voz fraca, mas forte pelo poder do Evangelho.

Ajuda, Francisco, os homens de hoje a reconhecerem o mal do pecado
e a procurarem a sua purificação na penitência.

Ajuda-os a libertarem-se das próprias estruturas do pecado, que oprimem a sociedade de hoje.

Reaviva na consciência dos governantes a urgência da Paz nas Nações e entre os Povos.

Infunde nos jovens o teu vigor de vida, capaz de contrastar as insídias das múltiplas culturas da morte.

Aos ofendidos por toda espécie de maldade, comunica, Francisco, a tua alegria de saber perdoar.

A todos os crucificados pelo sofrimento, pela fome e pela guerra, reabre as portas da esperança.

Amém

São Martinho de Lima



São Martinho de Lima Com alegria celebramos a santidade de vida de um santo do nosso chão latino-americano. São Martinho nasceu no Peru em 1579, filho de um conquistador espanhol com uma mulata panamenha.

Grande parte da sociedade de Lima não diferenciava tanto da nossa atual, pois sustentava a hipócrita postura do preconceito racial, por isso Martinho sofreu humilhações, por causa de sua pele escura. Aconteceu que São Martinho não foi reconhecido portador de sangue nobre, e nem precisava, porque educado de forma cristã pela mãe, descobriu com a vida que o "aspecto mais sublime da dignidade humana está na vocação do homem à comunhão com Deus" (Catecismo da Igreja Católica).

Com idade suficiente, São Martinho, homem cheio do Espírito Santo e de obras no Amor, conseguia servir a Cristo no próximo, primeiramente pela suas diversas profissões (barbeiro, dentista, ajudante de médico), e mais tarde amou Deus no outro e o outro em Deus, como irmão da Ordem Dominicana. Mendigo por amor aos mendigos, São Martinho de Porres, ou de Lima, destacou-se dentre tantos pela sua luta contra o Tentador e a tentação, além da humildade, piedade e caridade. Sendo assim, Deus pôde munir Martinho com muitos Carismas, como o de cura e milagres, sem que estes o orgulhasse e o impedisse de ir para o Céu, onde entrou em 1639.

São Martinho de Lima... rogai por nós!

FONTE: CANÇÃO NOVA

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O ENCONTRO DE FRANCISCO COM O LOBO



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Um paradigma para o diálogo

Todos nós conhecemos a famosa passagem de I Fioretti que marca o encontro de São Francisco com o lobo. A partir desse pequeno texto, não quero aqui fazer uma análise exegética. Tal como ele está em português, proponho uma interpretação que ajude a elucidar a dinâmica do encontro. Um olhar que ilumine nossa postura diante do diferente de nós, do outro.

O texto conta que São Francisco estando em Gubio, ficou sabendo de um lobo que estava tirando a paz do lugarejo, de forma que todos os habitantes tinham medo de sair da cidade. O diferente, nesse caso o lobo, causa medo, assusta e provoca pânico. Sendo assim causa um problema social atrapalhando a vida desse grupo, já que não sabem como lidar com isso.

Francisco toma conhecimento da situação e não começa a agir imediatamente a partir das informações que recebe dos outros. Ele quer conhecer o outro lado da história. Ter clareza da situação. Equilibrar as coisas. Nada melhor que conhecer a história a partir do lobo também.

No primeiro momento, Francisco toma a decisão de sair ao seu encontro, como nos narra o texto: “ quis sair ao encontro do lobo” e não esperar que ele venha a si, mas se propõe a sair de si, do seu local e ir até a situação do “outro”, se dispõe ao encontro. Não com critérios pré-estabelecidos, nem impondo condições, mas está disposto a encontrar o outro, como ele é, no estado e condição em que o outro se encontra.

Agir assim é não se prender a auto-suficiência, ou se colocar como alguém de grau superior, mas, “ pondo toda a sua confiança em Deus”. Colocar-se em atitude de reciprocidade e abertura, confiando em Deus e se lançar. Francisco, “tomou o caminho que levava ao outro lado”. Toma a iniciativa, sai do seu lugar e vai ao encontro.

Por mais diferente que o outro seja, e mesmo que não saibamos as disposições e intenções dele é necessário partir desarmado para o encontro. A iniciativa deve partir de mim de aproximar-me dele como irmão. Não importa como, nem quem seja. Eu opto tornar-me irmão dele, “ chamou a si e disse lhe assim: Vem cá, irmão lobo, ordeno-te da parte de Cristo que não faças mal a ninguém”.

No decorrer da história, Francisco se refere ao lobo sempre como a um irmão. Toma conhecimento das realidades vividas por esse irmão e as compreende, intuindo que as situações forçam esse irmão a agir daquela maneira.

O agressor é tão vítima quanto às vítimas que ele faz. Na verdade, a iniciativa de atacar é só uma estratégia para se defender. Quem tenta se mostrar forte provocando medo e coagindo, no fundo só está mostrando a sua fraqueza.

Para isso se recorre a uma máscara, a um cargo, e a tantas outras estratégias de se mostrar imbatível para não assumir seu medo e fragilidade. Ao partir da violência, o ser só mostra o quanto debilitado está. Às vezes, essa agressividade é somente um pedido de socorro.

Quando Francisco o encontra, o lobo também se deixa encontrar. Aquele está oferecendo a este irmão a chance de reconhecer seu estado.

Após compreender a situação, o próximo passo é propor uma aliança. Do encontro brota o laço de amizade, a cumplicidade, um pacto, uma proposta de paz e fraternidade. O outro acolhido se reconhece como tal se deixa cativar e se aceita como irmão. Assume essa cumplicidade respondendo como um irmão. Acontece um equilíbrio das relações de maneira a estabelecer um relacionamento de fraternidade e amizade.

Um relacionamento em disparidade, quando uma parte se sente sócio-econômica, hierárquica, intelectualmente ou num grau de santidade mais elevado é impossível acontecer um relacionamento fraterno.

Enquanto uma das partes é inferior não está acontecendo a fraternidade. Só posso criar laços com o igual. Entenda-se, não no sentido de relativizar as individualidades. Todos nós somos diferentes. Mas, é impossível estabelecer laços fraternos, se me julgo superior ou inferior aos outros. Isso tanto no caso das pessoas como das religiões. Se me sinto o único portador da verdade absoluta e vejo a fé dos outros como “superstição”, jamais poderemos ser irmãos.

A mania de “ser superior” mata todo diálogo, o crescimento e a alteridade. A tendência do que se julga superior é normatizar tudo de modo que o seu conceito de verdade seja o único válido e seus princípios sejam aplicados a todos. Sendo as regras que regem o jogo são unicamente as suas.

Partindo dessa pequena reflexão temos alguns pontos que seriam importantes para aprofundar. Podemos dizer que seriam os 10 mandamentos do encontro:

1- A disposição de ir ao encontro do outro, ignorando os pressupostos e preconceitos adquiridos. Conhecer o outro a partir dele e não de idéias pré-concebidas, ou do que outros disseram.
2-
A coragem de se desarmar para o encontro. Tirar a armadura.
3-
Colocar-se no lugar do outro e procurar compreendê-lo, no seu contexto vital, entendendo por que age de determinada maneira. Calçar as sandálias do outro, pisar o mesmo chão.
4-
Confiar na Paternidade de Deus e sentir-se irmão.
5-
Tomar a iniciativa de ir ao outro como irmão. Não se importando com a reação e a disposição do outro. Vencendo assim suas resistências.
6-
Colocar-se na atitude de acalanto, acolher o outro, aceitá-lo incondicionalmente como ele é.
7-
Ter a disposição de ouvir o outro. Deixando que o outro seja o outro e não um espelho de minhas projeções.
8-
Ter coragem de criar laços libertadores; relações de amizade e fraternidade.
9-
Partindo do encontro, fazer uma proposta de um caminho juntos que transformem as relações.
10-
Dar ao outro o direito de aceitar ou não as proposições.

O tema do encontro é extremamente sério em nossa época. Os laços, as relações estão quebradas e na Vida Religiosa, também por estar inserida no mundo, recebe vários “contra-valores”, e podemos citar o afrouxamento das relações entre eles. Tudo isso nos leva a questionarmos, fazermos velhas perguntas que achamos banais, já nos fizemos, mas não devemos cansar de fazê-las: Como nos relacionamos com nosso corpo, com nossas emoções, com o irmão, seja ele mais velho ou mais novo, e com Deus? Será que estou atento ao meu leque de relações? De fato, me encontro e me deixo encontrar? Quero me encontrar? Estou atento as minhas relações cotidianas? Quando me relaciono seja em casa, seja na pastoral tenho consciência que comunico o meu ser aos outros?

Nossa contribuição ao Reino de Deus deve ser expressiva principalmente pelo nosso testemunho, ser simplesmente alguém que é sinal do Reino, não por feitos extraordinários, mas com a minha vida. Evangelizo com minha alegria? Eu me coloco como “Dom de Deus” para o irmão e reconheço nele esse dom?

Na verdade, esse tema do encontro, do diálogo, do relacionamento, da fraternidade não tem conclusão. Tem dia marcado pra começar, para acabar jamais, não devemos nos preocupar com o fim do caminho o importante é curtir o trajeto admirar a paisagem, estar em constante atenção diante da vida e do outro. Estar se adaptando, questionando, e como diz Santo Agostinho, estar com o coração inquieto. Cuidando com especial atenção e tudo o mais dependerá disso e como nos propõe Francisco, sempre recomeçando, pouco fizemos.

Frei Emerson Aparecido Rodrigues.



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Comemoração dos Fiéis Defuntos

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A Igreja triunfante do céu, a Igreja militante da terra e a Igreja sofredora do purgatório, paciente, nada mais são que uma só e mesma Igreja; que a caridade, mais forte que a morte as uniu do céu à terra, e da terra ao purgatório. São como três partes duma só e mesma procissão de santos, procissão que avança da terra ao céu.
As almas do purgatório participarão daquela procissão um dia. Sim, porque ainda não tem, bem brancas, as vestimentas de festa, a roupa nupcial ainda guarda nódoas, aquelas nódoas que somente o sofrimento limpa.
Vimos, então, como os contemporâneos de Noé, aqueles que não fizeram penitência senão no momento do dilúvio foram encerrados em prisões subterrâneas, até que Jesus Cristo lhes aparecesse, anunciando-lhes a libertação, quando de sua descida aos infernos.
Como os fiéis da Igreja triunfante, os fiéis da Igreja militante e os fiéis da Igreja sofredora e paciente, são membros dum mesmo corpo - que é Jesus Cristo - e tanto uns como outros participam, interessam-se, condoem-se da glória, dos perigos, dos sofrimentos duns e doutros, tal qual os membros do corpo humano. Vejamos um exemplo: o pé está em perigo de saúde ou sofre dores: todos os membros do corpo jazem em comoção. Os olhos olham-no, as mãos protegem-nos, a voz chama por socorro, para afastar o mal ou o perigo. Uma vez afastado o mal, regozijam-se todos os membros.
É o que acontece com o corpo vivo da Igreja universal. E vemos os heróis da Igreja militante, os ilustres Macabeus, assistidos pelos anjos de Deus e pelos santos de Deus, especialmente pelo grande sacerdote Onias e pelo profeta Jeremias, rogar e oferecer sacrifícios por esses irmãos que estavam mortos pela causa de Deus, mas culpados desta ou daquela falta.
No dia seguinte, depois duma vitória, Judas Macabeu e os seus surgiram para retirar os mortos e depositá-los no sepulcro dos antepassados e encontraram sobre as túnicas dos que estavam mortos coisas que haviam sido consagradas aos ídolos de Jamnia, que a lei proibia aos judeus tocar. Foi, pois, manifesto a todos que era por isso que haviam sido mortos. E todos louvaram o justo julgamento do Eterno, que descobre o que está escondido, e suplicaram-lhe que fosse esquecido o pecado cometido.
Judas exortou o povo a que se preservasse do pecado, tendo diante dos olhos o que viera pelo pecado dos que haviam sucumbido. E, depois de ter feito uma coleta, enviou a Jerusalém duas mil dracmas de prata, para que fosse oferecido um sacrifício pelo pecado dos mortos, agindo muito bem, pensando que estava na ressurreição. Porque se não tivesse esperança de que os que vinham de sucumbir ressuscitassem um dia, seria supérfluo e tolo rogar pelos mortos.
Judas, porém, considerava que uma grande misericórdia estava reservada aos que estão adormecidos na piedade. Santo e piedoso pensamento! Foi por isso que ofereceu um sacrifício de expiação pelos defuntos, para que fossem livres dos pecados.
Tais são as palavras e reflexões da Escritura santa, segundo o texto grego, e as mesmas, mais ou menos, no latino.
Nosso Senhor mesmo adverte, bastante claramente, que há um purgatório, quando nos recomenda em São Mateis e São Lucas: "Conciliai-Vos com vossos inimigos (a lei de Deus e a consciência) enquanto estais em caminho para irdes ao príncipe, não seja que este inimigo vos entregue ao juiz, o juiz ao executor, e que sejais metido numa prisão. Em verdade vos digo, dela não saireis, enquanto não pagardes o último óbolo."
Segundo essas palavras, está bem claro que há uma prisão de Deus, onde se é arrojado por dívidas pras com sua justiça, e donde não se sai - senão quando tudo estiver pago.
Nosso Senhor, em São Mateus, disse-nos ainda: "Todo pecado e blasfêmia será perdoado aos homens, porém, a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada, nem neste século nem no futuro". Onde se vê que os outros pecados podem ser perdoados neste século e no futuro, como o livro dos Macabeus diz expressamente dos pecados daqueles que estavam mortos pela causa de Deus.
Do mesmo modo, no sacrifício da missa, a santa Igreja de Deus lembra os santos que com Ele reinam no céu, a fim de lhes agradecer pela glória e nos recomendar à sua intercessão. Doutro lado, suplica a deus que se lembre dos servidores e servidoras que nos precederam no outro mundo com a chancela da fé, dignando-se conceder-lhes a estadia no refrigério na luz e na paz.
A crença do purgatório e a oração pelos mortos acham-se em todos os doutores da Igreja, bem como nos ato dos mártires, notadamente nos atos de São Perpétuo, escritos por ele mesmo.
Todos os santos rogaram pelos mortos. Santo Odilon, abade de Cluny, no século XI, tinha um zelo particular pelo que dizia respeito ao refrigério das almas do purgatório. Foi movido pela compaixão, pensando no sofrimento das almas do purgatório que, adiantando-se à Igreja, ordenou se rogasse pelas almas, tendo, destinado para isso um dia especial. Eis como Santo Odilon animou tal instituição, começando pelas terras que lhes estavam afetas ao sacerdócio. (...)
S.Francesa de Roma

Quanto ao purgatório, nada de certo se sabe. Eis porém, o que se lê nas revelações de Santa Francisca de Roma, revelações que a Igreja autoriza a crer, sem, entretanto, a elas nos obrigar.
Numa visão, a santa foi conduzida do inferno ao purgatório, que, igualmente está dividido em três zonas ou esferas, uma sobre a outra.
Ao entrar, Santa Francisca leu esta inscrição:
Aqui é o purgatório, lugar de esperança, onde se faz um intervalo.
A zona inferior é toda de fogo, diferente do inferno, que é negro e tenebroso. Este do purgatório tem chamas grandes, muito grandes e vermelhas. E as almas. Ali, são iluminadas, interiormente, pela graça. Porque conhecem a verdade, assim como a determinação do tempo.
Aqueles que tem pecado grave são enviados a este fogo pelos anjos, e aí ficam conforme a qualidade dos pecados que cometeram.
A santa dizia que, por cada pecado mortal não expiado, naquele fogo ficaria a alma por sete anos.
Embora nessa zona ou esfera inferior as chamas do fogo envolvam todas as almas, atormentam, todavia, umas mais que as outras, segundo sejam mais graves ou mais leves os pecados.
Fora esse lugar do purgatório, à esquerda, ficam os demônios que fizeram com que aquelas almas cometessem os pecados que agora expiam. Censuram-nas, mas não lhes infligem quaisquer outros tormentos.
Pobres almas! Fá-las sofrer mais, muito mais, a visão desses demônios do que o próprio fogo que as envolve. E, com tal sofrimento, gritam e choram, sem que, neste mundo, consiga alguém fazer uma idéia. Fazem-no, contudo, humildemente, porque sabem que o merecem, que a justiça divina está com a razão. São gritos como que afetuosos, e que lhes trazem certa consolação. Não que sejam afastadas do fogo. Não, a misericórdia de Deus, tocada por aquela resignação, das almas sofredoras, lança-lhes um olhar favorável, olhar que lhes alivia o sofrimento e lhes deixa entrever a glória da bem-aventurança, para onde passarão.
Santa Francisca Romana viu um anjo glorioso conduzir aquele lugar a alma que lhe havia sido confiada, à guarda, e esperar do lado de fora, à direita. É que os sufrágios e as boas obras que os parentes, os amigos, ou quem quer que seja, lhes fazem especialmente por intenção da alma, movidos pela caridade, são apresentados, pelos anjos da guarda, à divina majestade. E os anjos, comunicando às almas o que por elas fazemos nós, aliviam-nas, alegram e confortam. Os sufrágios e as boas obras que fazem os amigos, por caridade, especialmente pelos amigos do purgatório, aproveita principalmente a quem os faz, por causa da caridade. E ganham as almas e ganhamos nós.
As orações, os sufrágios e as esmolas feitos caridosamente pelas almas que já estão na glória, e que já não necessitam, revertem às almas ainda necessitadas, aproveitando a nós também.
E os sufrágios que se fazem às almas que jazem no inferno? Não os aproveita nem uma nem outra - nem as do inferno, nem as do purgatório, mas unicamente a quem os faz.
A zona ou região média do purgatório está dividida em três partes: a primeira, cheia duma neve excessivamente fria; a segunda, de pez fundido, misturado a azeite em ebulição; a terceira, de certos metais fundidos, como ouro e prata, transparentes. Trinta e oito anjos aí recebem as almas que não cometeram pecados tão graves que mereçam a região inferior. Recebem-nas e transportam-nas dum lugar a outro com grande caridade: não lhe são os anjos da guarda, mas outros que, para tal, foram obrigados pela divina misericórdia.
Santa Francisca nada disse, ou não a autorizou a dizê-lo o superior, sobre a mais elevada região do purgatório.
Nos céus, os anjos fiéis tem sua hierarquia: três ordens e nove coros. As almas santas, que sobem da terra, ficam nos coros e nas ordens que Deus lhes indica, segundo os méritos. É uma festa para toda a milícia celeste, mais particularmente para o coro onde a alma santa deverá regozijar-se eternamente em Deus.
O que Santa Francisca viu na bondade de Deus a deixou profundamente impressionada, sem que pudesse falar da alegria que lhe ia no coração. Frequentemente, nos dias de festa, sobretudo depois da comunhão, quando meditava sobre o mistério do dia, o espírito, arrebatado ao céu, via o mesmo mistério celebrado pelos anjos e pelos santos.
Todas as visões que tinha, submetia-as Santa Francisca de Roma à Mãe, Santa Igreja. E, pela mesma mãe, a Igreja, foi Francisca canonizada, sem que nada de repreensível se achasse nas visões que tivera.
Nós, pois, vos saudamos, ó almas que vos purificais nas chamas do purgatório. Compartilhamos as vossas dores, os sofrimentos, principalmente daquela dor imensa e torturante de não poderdes ver a Deus.
Ai de nós! Sem dúvida que há entre vós parentes nossos e amigos: sofrerão, talvez por nossa culpa. Quem dirá que não lhes demos, nesta ou naquela ocasião, motivos de pecar? Falta-lhes pouco tempo para que se tornem inteiramente puras. Que nos acontecerá, a nós que tão pouco velamos por nós mesmos? Almas santas e sofredoras, que Deus nos livre de vos esquecer jamais!
Todos os dias, à missa e às orações, lembrar-nos-emos de vós todas. Lembrai-vos, pois, também de nós. Lembrai-vos, principalmente, quando estiverdes no céu. Como lá vos desejamos ver! Como no céu desejamos ver-nos convosco! Assim seja.
(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVIII, p.111 à 118 e 129 à 137)

domingo, 1 de novembro de 2009

Solenidade de Todos os Santos


Hoje, a Igreja não celebra a santidade de um cristão que se encontra no Céu, mas sim, de TODOS.

Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de TODOS para a Felicidade Eterna.

"Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade." Todos são chamados à santidade: "Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito".(Mt 5,48) (CIC 2013).

Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão do Abade São Bernardo: "Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles".

Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos "heróis" da fé, esperança e caridade.

Na verdade é um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma "constelação", já que São João viu: "Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas" (Apoc 7,9).

Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade.

Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois "não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da Família de Deus" (Ef 2,19).

Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus filhos: "O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos." "A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (CIC 2028).


Todos os santos de Deus, rogai por nós!

FONTE: CANÇÃO NOVA