quarta-feira, 4 de julho de 2012

Santa Isabel, Rainha de Portugal - OFS

Por: Maria Fernanda Barroca

Via: Irmão Alberto Guimarães, OFS

Santa Isabel de Portugal não é portuguesa de nascimento, pois nasceu em Aragão (Espanha), mas foi-o pelo casamento com o Rei D. Diniz. Quem visita Coimbra pode ver o seu túmulo em Santa Clara-a-Nova. O povo de Coimbra tem-na como padroeira e tributa-lhe grande devoção. Se numa aflição em Braga se diz: “Valha-nos a Senhora do Sameiro”, em Coimbra diz- se: “Valha-nos Santa Isabel”.

Filha de Pedro II de Aragão e de Constança de Nápoles, recebeu uma educação completa compatível com os princípios do seu tempo e cedo manifestou a sua personalidade piedosa e caritativa.

Antes dos dez anos o pai entabulou negociações com o Rei de Portugal para se fazer o casamento da pequena infanta, como era uso na época.

Após o seu casamento, Isabel começou a mostrar-se como era: por um lado piedosa e caritativa e por outro de grande sentido político e diplomático.

Cedo Isabel conquistou a simpatia do povo português, que começou a partilhar com ela o cuidado dos mais desfavorecidos. As fundações da Rainha Isabel, como São Bernardo de Almoster, o Mosteiro da Trin- dade de Lisboa, os centros hospitalares de Coimbra, Leiria e Santarém tornaram-na ainda mais popular e querida.

Mas a vida da corte não foi fácil para Isabel. Apesar de Isabel reprovar os desvarios do marido, aceitou receber os filhos bastardos, e se não os tratou como se fossem os seus próprios filhos, mostrou por eles o res- peito que devia ter o que ela era: uma rainha cristã.

No reinado de Isabel, uma coisa entre muitas, a fez sofrer: a luta entre o seu marido, o Rei D. Diniz, e o seu filho Afonso. A Rainha Santa provou, nessas alturas, que a paz não está em tratados e acordos económicos, mas no combate contra o ódio e o cultivo da mansidão e da clemência. Apesar disso, reprova com veemência o proceder do filho por não querer obedecer ao pai, fazendo-lhe notar que estava a ofender a Deus e a dar escândalo. A sua atitude resultou no arrependimento do filho.

A sua caridade para com os pobres foi notória: quando saia do paço, uma multidão de gente necessitada a seguia porque sabiam que não se afastavam sem ser atendidos. A Rainha não se limitava a dar, mas da- va-se: tratava os leprosos, lavava-lhes as roupas, socorria as viúvas e os órfãos e quando morriam procurava que tivessem uma sepultura digna e por sua alma mandava celebrar missas. Depois da morte do ma- rido, em 1325, Isabel tinha 54 anos, tendo morrido aos 65, entrou na Ordem Terceira de São Francisco e viveu esses 11 anos desprendida de todas pompas a que estava habituada na corte. No dia 4 de Julho de 1336, tendo-se deslocado a Estremoz para mediar um conflito, morreu, dizendo: «Maria, Mãe da graça, Mãe de misericórdia, protege-nos do inimigo e recebe-nos à hora da morte». Foi enterrada em Coimbra no mosteiro que fundara. Tinha para com Nossa Senhora da Conceição uma especial devoção. Foi a primeira a escolher a Imaculada para Padroeira de Portugal.

Contam-se muitos dos milagres atribuídos à Rainha depois da morte, como corpo incorrupto, exalando perfume, o que levou a que muito devotos desejassem a sua canonização. No princípio do século XVII, a canonização era obtida no fim de uma série de autorizações concedidas pela Santa Sé para a veneração dos santos. O Papa Urbano VIII instituiu um sistema minucioso para a nomeação de novos santos. Isto fez com que o processo de canonização da Rainha pudesse ficar bloqueado. O Papa declarara mesmo que não canonizaria ninguém. Mas os devotos não cessavam de rezar pela canonização da sua “santa”. Urbano VIII, que entretanto adoeceu gravemente e sem esperanças de cura, lembrou- se de uma imagem da Santa Rainha que lhe tinham oferecido e a ela recorreu e com tal êxito que no dia seguinte apareceu curado. Com isto, Urbano VIII abriu uma excepção, e foi a única nos seus 21 anos de pontificado, e no dia 25 de Maio de 1625, na Basílica de São Pedro, com grande pompa, canonizou a Rainha.

E o Milagre das Rosas? Eu acredito, mas nos documentos a que tive acesso não o encontrei relatado. Um encontro com o Rei. A Rainha com o regaço cheio de pão para os pobres. “Que levais no regaço, Senhora?” – pergunta o Rei, com mau humor. E a santa, abrindo o manto, deixou cair lindas rosas, ao mesmo tempo que dizia candidamente: “São rosas, meu Senhor”. Se alguns documentos não mencionam este facto, a iconografia fá-lo de uma maneira bem clara.

Se nessa altura, de crise tão profunda, Portugal e os portugueses foram capazes de dar a volta por cima, tenhamos fé que agora também serão de novo capazes!

(1) - Em Coimbra é comemorada como Solenidade, porque é a Padroeira da Cidade (nota minha).

Festa da Rainha Santa Isabel, na Arrifana, Santa Maria da Feira, vila onde Santa Isabel teria passado, a caminho de Santiago de Compostela, tendo feito o milagre de curar a cegueira de uma menininha

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