segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Da imitação do Senhor

Por Frei Edson Matias, OFMCap.2 01_011009

O conhecimento da condição humana era um dos pilares da humildade de Francisco de Assis. Quando ele dizia que era o maior pecador, não falava de algo que não conhecia. O santo sabia de suas limitações. Vendo essa condição de orgulho em si mesmo, parece ter percebido como todos nós somos sujeitos a vã glória.

Em suas admoestações disse:

1Consideremos, irmãos todos, o bom pastor, que para salvar suas ovelhas sofreu a paixão da cruz. 2As ovelhas do Senhor seguiram-no na tribulação e perseguição, na vergonha e na fome, na enfermidade e na tentação e tudo o mais; e por isso receberam do Se­nhor a vida sempiterna.3Por isso é gran­de vergonha para nós, servos de Deus, que os santos fi­zeram as obras e nós, lendo-as, queremos receber glória e honra. (Adm. 6).

Aqui talvez devêssemos primeiramente refletir melhor sobre nosso entendimento de ‘ovelha’. Pode ser que em nosso imaginário ‘ovelha’ se refira a uma dependência ao pastor. Esperar que ele nos acolha, mostre o caminho, nos diga o que fazer. Parece que o texto das Admoestações no primeiro momento não tem essa concepção. Ele fala de ‘ovelha’ como seguidores, como aqueles que também suportam as tribulações. São pessoas que também realizam o Reino de Deus. São dependentes no sentido que a força da missão não vem de si próprios, mas da graça de Deus. Com tal postura alcançaram a Vida do Reino.

O centro da Admoestação, porém, está quando Francisco diz da verdadeira imitação. Não é pelo relato dos santos, dos grandes discursos que se faz o Reino de Deus. Contar os grandes fatos dos santos pode ser uma forma de orgulho, de tirar nossa responsabilidade de assumir tal vida. A glória que tantos lideres religiosos recebe por narrar tais fatos, pode tornar um vício. Aparentemente são ‘santos’ como as historias que contam, mas pode ser que por dentro não trazem uma espiritualidade sadia. Assim todos nós estamos em risco quando desconhecemos daquilo que somos capazes. Quando não percebemos nosso orgulho, acabamos por aproveitar do próprio discurso da mensagem Evangélica para ganhos secundários, como a busca de glórias.

Tal reflexão não é para nos desanimar e sim, para nos trazer a realidade da vida humana. Sabemos que temos dons, qualidades, mas também temos nossos defeitos que devem ser trabalhados sempre. A consciência dessa condição pode nos reder a humildade. Por isso que ao deparar com uma atitude orgulhosa nossa, não devemos parar, como se ficássemos decepcionado conosco mesmo (sinal de orgulho), mas vermos a possibilidade de conquista da humildade verdadeira. Não é um trabalho fácil, todavia é nosso chamamento ao Reino.

Fonte: http://www.reflexoesfranciscanas.com.br/

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