quinta-feira, 13 de maio de 2010

ATITUDES QUE CONSTROEM UMA FRATERNIDADE

 ruas-de-assis Reflexões do Frei França em Visita Fraterna as Fraternidades

VERDADE, CORTESIA, LEALDADE, SEVIÇO E ALEGRIA
 Sinta-se responsável por sua Fraternidade, por todos e por cada um dos seus irmãos. E seja, na comunidade, alguém que serve. Todos estamos para servir. Sirva, mesmo que seus irmãos da Fraternidade sejam, as vezes, acomodados ou incômodos.

Reflexão:
Como franciscanos, nossa doação deve ser de coração e completa. Um jeito de viver dedicado e leal. Trata-se do espírito de pertença. Até onde vai o mosso comprometimento com nossa Fraternidade? Não devemos nos doar parcialmente indo só até onde nossa responsabilidade com a fraternidade não atrapalhe o nossos interesses pessoais.
Quem se compromete mais com os homens a galinha ou o porco?
A galinha se compromete com o ovo e o porco compromete a própria vida.

2-Respeite as pessoas – mesmo que elas tenham seus defeitos, leves ou graves, pouca cultura..., sem tentar jamais manipulá-las para seus fins pessoais ou para fins institucionais. O respeito sincero e profundo para com os outros membros da fraternidade é uma atitude fundamental para o processo de crescimento e amadurecimento da mesma.
Reflexão:
Busquemos sempre ser um franciscano autêntico. Não apenas um irmão cesta, aquele que anda em fila indiana, carregando dois cestos. O das suas virtudes à frente para admirá-las e exibí-las e a dos defeitos jogada para trás. Assim só teremos olhos para nossas virtudes e para os outros, só os defeitos.

3-Aceitem os irmãos da Fraternidade sem tentar que sejam como gostaria que fossem. Todos tem o direito, como você, a ser eles mesmos, a ser “diferentes”. E tem defeitos como você, e dos quais não é fácil corrigir-se. Não esqueça que temos freqüentemente a tentação de fazer os outros “a nossa imagem e semelhança”, segundo o nosso ideal pessoal ou segundo nossas exigências.
Reflexão:
Façamos do irmão a imagem e semelhança de Deus e não nossa imagem e semelhança. Sejamos amáveis para com o irmão que, a exemplo de Francisco, soube amar a cada um em perfeita alegria.
4-Exalte, com naturalidade, as qualidades de seus irmãos da Fraternidade, e celebre seus acertos, tanto na presença como na ausência delas. Faça deste sincero elogio e celebração objeto de oração diante de Deus, que é Pai diante de todos os membros do grupo. Essa atitude positiva dá coesão à Fraternidade e a fortalece notavelmente. É contrário a essa atitude: competir, invejar, querer sobressair-se às demais, fofocar, dominar.
Reflexão:
Quando Herodes perseguia o Menino Jesus, vários aminais tentaram ajudar na fuga da Sagrada Família. O macaco disse: “Eu faço uma poção de macaquices e trapalhadas, distraindo a atenção deles enquanto vocês fogem”. José respondeu: “Não é disso que precisamos, obrigado pela atenção”. O leão falou: “Vou avançar sobre todos rugindo tão alto que eles vão recuar de tão assustados, enquanto isso vocês fogem”. Maria respondeu: “Obrigada, mas não é disso que precisamos”. Veio o pavão e disse: ”Vou distraí-los com minha beleza enquanto encubro a fuga de vocês”. “Ficamos gratos, ainda não é disso que precisamos”, falou José. Chegou a cobra e foi dizendo: ”Eu entro no meio deles e os pico, enquanto eles estiverem alvoroçados vocês fogem”. “Agradecemos ajuda, mas ainda não é disso que precisamos”. Apareceu um jumento e disse: “Gostaria de ajudar mais não sei o que fazer para afastá-los. Por isso ofereço meu lombo para a fuga de vocês”. José e Maria agradeceram dizendo: “É disso que o Menino precisa, de um comprometimento total com Ele”.
5-Cultive boa educação nas relações com os irmãos, com simplicidade e naturalidade. Sempre solicite as coisas com um “por favor”; e se fizer algo mal, peça perdão e faça o possível para corrigir-se. Agradeça ao irmão a atenção dispensada à você ou à fraternidade, por menor que seja, e trate de fazê-la, você, ainda maiores para todos.
Reflexão:
Dar atenção e carinho à todos. Não devemos cumprimentar só quem nos cumprimenta.
6-Acolha, estimule, ajude, sorria, defenda, aplauda, alente, gratifique... os irmãos da Fraternidade. Lembre-se que isto influi sempre positivamente na convivência, no trabalho comum, e fortalece os vínculos internos da Fraternidade. E não se esqueça de que a correção fraterna nunca deve brotar como um alívio da cólera ou de um incômodo pessoal. Ela deve ser uma expressão de amor ao outro e deve ser feita em ambiente de amor e carinho. Não se consegue o bem a quem não se quer bem.
Reflexão:
Procure manter o relacionamento de troca de idéias e bate papo com todos os irmãos. Evite conversar apenas com aqueles irmãos com que voce tem maior afinidade. Todos merecem a mesma atenção estimuladora e amiga.

7-Seja você mesmo, transparente, verdadeiro, autêntico, conseqüente... Não permita a falsidade, a mentira, as máscaras, o ter “duas caras”. A convivência verdadeiramente humana – e com muito mais razão ainda em uma Fraternidade – se edifica somente por e tendo como base a verdade e a sinceridade.
Reflexão:
Precisamos ter uma vida franciscana em todos os momentos de nossas vidas e não só em nossa Fraternidade. Devemos ser irmãos multiplicadores e não irmão diabo, aquele que divide. Nos tornamos diabólicos quando separamos através de comentários maldoso e intrigas. Também somos diabólicos se deixarmos o mal natural do ser humano, tal como a indiferença para com a necessidade do outro ou da Fraternidade, sair de dentro de nós. Não podemos nos esquecer que quando de alguma forma dividimos o Projeto de Deus, estamos sendo diabólicos.
8-Viva como sua, as alegrias e tristezas dos irmãos da Fraternidade. Faça seus, os problemas e as preocupações deles: Alegre-se com os triunfos da Fraternidade e de seus irmãos, como sendo seus. As pessoas são muito sensíveis a esta construtiva atitude de solidariedade.
Reflexão:
O que somos dentro da nossa Fraternidade “irmão pá” ou “irmão enxada”?
O irmão pá é aquele que não assume os irmãos com tudo aquilo que trazem dentro de si, prefere jogar para o lado deixando para os outros. O irmão enxada puxa para si o fraternismo no relacionamento com cada irmão. Multiplica as alegrias e divide as tristezas com responsabilidade.
9-Procure amar e servir a “fundo perdido”, sem passar faturas nem cobrar comissões, sem exigir respostas, portanto, sem atitude mercantilista. Algo que nunca pode ser objeto de negociação dentro da Fraternidade é a amizade, o serviço, o amor, o Mandamento Novo. Ame lealmente. O amor leal é o que oferece a alguém na liberdade, mesmo sabendo da possibilidade, ou mesmo da certeza, de não ser correspondido. Nunca se coloque no centro de sua Fraternidade. Não é o lugar de quem está a serviço.
Reflexão:
Sendo prisioneiros de nossas vontades, não somos capazes de largar aquilo que nos agrada, precisamos viver mais o desapego.
Na África se caçam macacos colocando castanhas dentro de cabaças fixas em pontos estratégicos. Ao colocar as mãos dentro delas agarrando as castanhas, os macacos não conseguem se livrar das cabaças mas também, não largam as castanhas. Estando paralisados se tornam vulneráveis ao que acontecer ao seu redor, e facilmente são aprisionados pelas redes.
10-Aceite e ame os irmãos da Fraternidade por eles mesmos, não pelo proveito que eles possam trazer. Interessar-se continuamente e com sinceridade pelos membros da Fraternidade – mesmo em ocasiões em que não se interessem por você ou por suas coisas – torna proveitosa a convivência e vivificante a vida do grupo. É, desde logo, uma atitude que constrói a Fraternidade.
Reflexão:
Um franciscano e seu amigo caminhavam a beira de um riacho quando viram um escorpião caindo na água. O irmão logo se abaixou para tirá-lo da água. O bicho mesmo se debatendo tentou ferroá-lo. O irmão não desistindo pegou um galho e tirou o escorpião da água para que ele pudesse continuar sua vida na natureza. O amigo admirado perguntou porque ele fizera aquilo já que aquele bicho não parecia significar grande coisa e ainda era agressivo. O irmão sorriu com ternura e respondeu: “Cada ser tem seu jeito natural o que para mim parece agressivo para ele é a defesa. E no momento ele precisava sair daquela situação. Mão podemos abandonar o outro por causa de sua personalidade ou porque nos custa algum trabalho.
11-Faça um esforço – grande se for necessário – para compreender, perdoar e esquecer as rusgas, os mal-entendidos e os conflitos que aconteceram na fraternidade. São inevitáveis. O pior não é o acontecerem, mas guardá-los dentro de si, “ruminá-los”, aumentar a sua importância dando-lhes voltas e voltas... Isto sim é prejudicial para a Fraternidade. A incompreensão e o fechamento secam as fontes do dinamismo e da alegria. O perdão cura.
Reflexão:
Sejamos aquele “irmão árvore” que acolhe em seus ramos, alimenta com seus frutos, oferece a tranquilidade de sua sombra, e suas raízes são fortes e aguenta firme todos os contra tempos de uma convivência.
O porco espinho é um sobrevivente da última era glacial. Como viviam espalhados, tentaram se proteger do intenso frio daquela época agrupando-se. Porém aquela convivência era dolorosa e eles se espetavam e se machucavam e se espalhavam novamente. Alguns morriam, os que sobreviviam se juntavam e tudo acontecia de novo. Até que resolveram suportar uns os espinhos dos outros. Dessa forma superaram o frio e ataques de predadores.Hoje continuam com as mesmas características de milhares de anos.
12-Não dramatize nem aumente as pequenas rusgas de cada dia. Sem um sentido de humor que nos impeça de levar demasiado a sério as nossas pequenezas, não seremos capazes de criar comunidades sãs que signifiquem uma verdadeira contribuição para a fraternidade em nossa sociedade.
Reflexão:
Seja fiel e não desanime, seu serviço poder ser essencial na perseverança da fraternidade.
Certa vez um monge pediu ao seu discípulo que pegasse um determinado cesto e com ele enchesse de água o pote que ficava próximo a uma fonte. O discípulo logo começou a trabalhar. Foram muitas as idas e vindas. O cesto estava pesado. A princípio ainda conseguia chegar com um pouco de água ao pote. O discípulo pensava consigo: “Por que será que o mestre me mandou fazer isto justo com um cesto que já é vazado e além disso imundo, todo cheio de crostras de barro, pedra e outras sujeiras”? Mas sua alegria, obediência e dedicação estavam acima de tudo e ele continuava com sua missão. No fim da tarde ele foi ter com o mestre levando consigo o cesto, Já bem mais leve. Estava um pouco desanimado. Fora impossível para ele concluir aquela missão. Ao avistá-lo o monge o incentivou dizendo: “Filho, você não entendeu. Sua principal missão não era a quantidade de água que poderia colocar no pote. Com suas idas e vindas a fonte, o cesto ficou limpo livre das crostras sem precisar esfregá-lo para arrancar a sujeira, correndo o risco de danificá-lo e perdê-lo. Agora está pronto para ser utilizado e receber coisas boas e úteis.

13-Acolha o outro “colocando-se em sua pele”, mesmo que isto seja difícil, e aceite, escute, compreenda, anime e sirva na medida em que ele precisa ser servido por você. Viva unido aos irmãos da Fraternidade, desde dentro – pelo coração – e não pela mera epiderme de um mesmo lugar, uma mesma tarefa, normas comuns, simples convivência...
Reflexão:
Se não buscarmos a verdadeira transformação como penitente na acolhida do dia a dia na fraternidade, buscando aquela mudança que ocorre de dentro para fora, seremos como aquele lobo que admira e gosta das ovelhas. Resolve ser uma delas. Para isso tenta conviver bem. Vestido com pele de lã, vivendo de grama e água e dormindo junto delas. Uma vida nada fácil para ele. Um dia, não resistindo a sua natureza de lobo saiu furtivamente à noite sem a pele de ovelha e atacou um pequeno rebanho que dormia a distância e arrastando par longe uma pequena ovelha devorando-a, saciando sua natureza. No dia seguinte estava ele lá pastando alegremente junto as suas queridas irmãs, coberto com sua pele nova.
14-Cultive com grande interesse o bom humor, a alegria, o otimismo e coopere assim com o bem-estar da Fraternidade. Esta precisa da satisfação da partilha, da moderação comunitária, do sentido festivo da vida, para tornar mais simples e mais fácil o difícil da convivência humana.
Reflexão:
É necessário que o franciscano tenha sempre bom humor e alegria no lidar com os irmãos. Por isso o franciscano deve ser sempre festeiro e entusiasmado com sua fraternidade. Deve buscar sempre bons motivos para confraternizar. Isso descontai, aproxima e aumenta a intimidade entre os irmãos.


15-Jamais critique a conduta dos irmãos da Fraternidade e menos ainda por trás. Não espalhe seus defeitos nem fomente fofocas. Quem não tem defeitos? E neste campo, tente compreender, animar a ajudar com amor. É fundamental querer bem aos irmãos da Fraternidade, tais como são, incluindo seus aspectos defeituosos, mas sem que isto suponha pactuar com o mal. A revisão de vida é o momento para exercer a caridosa e eficaz correção fraterna.
Reflexão:
A coerência dos irmãos dentro da fraternidade é essencial, para tanto se faz necessário a orientação. Faz parte da convivência a correção fraterna para que o irmão caminhe e cresça junto com a fraternidade.

16-Empenhe-se em descobrir, dia-a-dia, de reunião em reunião – com extensão e profundidade – o positivo que existe em seus irmãos. Leve muito em consideração que, quando se ama suficientemente as pessoas, nelas se encontra, com facilidade, o bem e o positivo. Se você vê muitos defeitos num irmão de sua Fraternidade, pergunte-se se o ama de verdade.
Reflexão:
O que é mais importante quando se compra um vaso. A beleza, a cor ou o tamanho? O mais importante é o buraco do fundo do vaso. Sem ele a beleza, a cor ou o tamanho não terão sentido. Nem sempre o que está aparente é o essencial, devemos valorizar muito mais o que está por trás da aparência. O que dá sentido positivo ao ser de cada irmão. E só quem ama tem essa capacidade.

17-Expresse sua fé com naturalidade e simplicidade. Ore e ajude a Fraternidade a orar bem. Uma Fraternidade que não ora se banaliza, se esvazia e perde a identidade: Da Liturgia das horas, das Celebrações Eucarística...e, neles, participe com interesse, fervor e profundidade. Estas ações cooperam notavelmente para a identidade da Fraternidade Cristã como tal, lhe dão coesão, a constroem, vivificam e reforçam sua missão.
Reflexão:
Procure se fazer entender perante seus irmãos na busca da espiritualidade.
Uma esposa estava para dar a luz em casa e o médico foi chamado. No quarto a mulher gemia enquanto na sala o marido nevoso, andava de um lado para o outro. De repente a porta se abre e sai o médico agitado e pergunta: “O senhor pode me emprestar um saca rolhas?” O marido espantado, entrega-lhe o que foi pedido. Momentos depois, a mulher gemendo cada vez mais alto, sai o médico todo suado e pede um pé de cabra. Sem saber o que estava acontecendo, preocupado com sua esposa o marido apavorado, pergunta quase em desespero: “Como? Para que o senhor quer um pé de cabra?” O médico ainda agitado responde: “Eu não consigo abrir minha maleta com os instrumentos para o parto.”
Participe. Não podemos guardar nossos bens e dons a ponto de quando a fraternidade precisar deles não podemos usá-los e como o médico, perdermos tanto tempo tentando colocá-los na prática por estarmos despreparados.






18-Ofereça seu ombro para aliviar o peso que outros carregam. Assim estará cumprindo a Lei de Cristo. Seja paciente e afável. Não tenha inveja. Não se vanglorie e nem se azede. Não seja grosseiro nem busque seu próprio benefício apenas. Não se exaspere e nem leve em conta o mal. Desculpe sempre. O amor não falha nunca (cf. Gl6,2; 1Cor 13,4-8). Por este caminho é que se constrói uma autêntica Fraternidade Cristã, uma autêntica Fraternidade de verdadeiros Irmãos.
Reflexão:
Seja digno de confiança e confie.
Um velhinho subia subia o morro com um saco pesado as costas. A um certo ponto do caminho passou por ele uma carroça e o carroceiro lhe ofereceu ajuda. O velhinho aceitou instalando-se prontamente. Passado algum tempo, o carroceiro ao olhar para trás viu o velhinho sentado ainda com a saca às costas. Admirado o carroceiro perguntou porque ele não largava o saco. O velhinho sorrindo disse: “tenho medo do cavalo não aguentar”.
Não devemos nos assoberbar na fraternidade, temos que confiar no irmão, no serviço de cada um e na capacidade de resolvermos juntos os problemas que nos aflige. E principalmente, confiar plenamente na providência divina.
19-Conselho da Fraternidade, trabalhe para que sua comunidade não seja um gueto, grupinho fechado e narcisista, sem união e coesão internamente ou com outras Fraternidades ou grupos cristãos. Cultive a abertura, a universalidade e procure que a Fraternidade se esforce por viver um estilo verdadeiramente franciscano de comunhão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário