terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O QUE É SER FRANCISCANO (Frei Alberto Beckhäuser – OFM))

É seguir Jesus Cristo, trilhando o mesmo caminho que São Francisco de Assis fez, sempre nessa busca: “ é isto que eu quero, é isto procuro, é isto que eu desejo de todo coração.”
A mística poderosa de São Francisco foi seu encontro com Jesus em sua hu­manidade. São Boaventura diz na legen­da que São Francisco tinha Jesus Cristo nos lábios, nas mãos, nos olhos, nos ou­vidos, no corpo inteiro, e que buscava em tudo Jesus Cristo em sua humanida­de. Esse era o motor de fundo; tudo o mais na sua vida é um esforço para tra­duzir o significado de Jesus em todas as dimensões da existência.
Cinco pontos fortes norteiam a ex­periência do encontro com Jesus Cristo em sua humanidade vivida por São Francisco: pobreza, fraternidade, mino­ridade, cortesia e eclesialidade.
Pobreza - São Francisco se apaixonou pelo Cristo do Presépio, da Cruz e da Eucaristia. E por isso quis ser pobre como o Senhor se nos apresentou. Mas a pobreza que São Francisco vê em Je­sus é muito mais profunda do que o não ter; isso é conseqüência. Pobreza é dei­xar as coisas serem, respeitá-las, não do­miná-las, não possuí-las. É também ser solidário. Pobreza, fun­damentalmente, conforme a visão de São Francisco, é a capacidade de doar e doar continuamente. Doar a si mesmo, doar seu tempo, doar seus esquemas mentais, doar sua vida, doar seu amor. Pode-se dizer, então, que é pobre não aquele que nada tem, mas aquele que mais se doa. Logo, a pobreza de São Francisco, mais do que uma virtude, é uma maneira de ser que nos re­mete ao segun­do ponto: a fra­ternidade.
Fraternidade - Francisco quis ser pobre para ser frater­no com todos. E o foi não só com o mundo humano, o que já é tradição cristã, mas com o mundo sub-­humano tam­bém. É irmão dos pássaros, das águas, do sol, das feras; também as doenças, as angústias, a morte, enfim, a cruz são suas irmãs. Ele acolhe alegre e fraternalmente não só o lado róseo da vida como é normal, mas também o lado contraditório e angustiante, a noite es­cura dos sentidos e do espírito são cha­mados de irmãos.
Minoridade - Em Celano 2, 52 vemos São Francisco pedindo aos frades que se ajoelhassem diante dos pobres e dos leprosos. Ele queria fazer isso até com os animais. Isto significa amar e honrar o outro como a seu Senhor; é sinal de submissão e admissão da plena dignida­de do outro. A minoridade é uma ma­neira de ser que coloca a pessoa no ser­vir, sempre aberta ao diálogo e à comu­nhão com todas as criaturas.
Cortesia - Para São Francisco a cor­tesia é virtude divina, pois Deus é cortês; dá o sol e a chuva a justos e injustos. A cortesia era expressão da pobreza, de não querer colocar nada sob o seu domínio. Ele foi extremamente cortês para com os seres humanos e para com os animais, pois respeitava todas as coisas.
Eclesialidade - São Francisco amou profundamente a Igreja. Ele não queria fazer nada, nem pregar, nem usar as gra­ças que Deus lhe deu contra a Igreja. Nos sacerdotes-pecadores não queria le­var em conta o pecado, mas só o poder que eles têm de lhe entregarem, cada dia, o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Todo o seu potencial de ser­viço, de vontade pobre, de fraternida­de, de minoridade e cortesia foi vivido dentro e para a Igreja.
Ser franciscano é se esforçar cada dia para ser assim como São Francis­co de Assis. É caminhar como ele caminhou ao encontro de Jesus Cristo, da natureza, do próximo, de si próprio, da morte. É o fascínio que irradia da pessoa de São Francisco de Assis e da sua mística que faz alguém empreender esse caminho e seguir nesse espírito, até o fim.

CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS FRANCISCANAS DA  AÇÃO PASTORAL

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