segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A humildade nos levará a perfeita imitação de Cristo





Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo, a vocês, paz e bem e a transparência do frescor das graças de Deus!!!


São Francisco, vigoroso imitador de nosso Senhor, nos ensina através desta pequena passagem de sua vida, uma linda lição de humildade. O pai Seráfico, nos mostra como é bom e saudável conversar com um amigo sobre Deus e as coisas que Ele realiza em nossa vida. Todavia, não devemos nos esquecer de que, é sempre mais precioso ouvir do que falar.
Muitos de nossos irmãos precisam ser ouvidos, muitos deles necessitam "desabafar" e para isso basta um par de orelhas amigas que os queira escutar. Grande dom de Deus é a humildade, pois ela nos faz ultrapassarmos as barreiras do nosso egoísmo, assim, com facilidade, nos conduz a vivência da fraternidade. A humildade nos levará a perfeita imitação do Senhor, tal como Francisco. É através dela que o amor e a caridade ganham terreno para agir em nossa vida de filhos e filhas de Deus.

Da humildade e da obediência de São Francisco e de Frei Bernardo

O devotíssimo servo de Cristo Crucificado, o bem-aventurado Francisco, por causa do rigor da penitência e do contínuo pranto, ficara quase cego, de modo que pouco enxergava. Certa vez retirou-se do local onde estava e foi para o lugar onde morava frei Bernardo, a fim de conversarem juntos sobre as coisas divinas. Frei Bernardo estava na floresta em contemplação divina, todo impelido e unido ao Senhor. Então, São Francisco entrou na floresta e chamou frei Bernardo, dizendo: "Vem! Fala com este cego!". Frei Bernardo, porém, como fosse homem de grande contemplação e como estivesse com a mente suspensa em Deus, não respondeu a São Francisco e nem foi ter com ele. Este frei Bernardo, porém, tinha singular graça em falar com Deus, como são Francisco muitas vezes já havia experimentado. É por isso que este desejava conversar com ele. Assim, depois de certo intervalo, chamou-o de novo pela segunda e pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras, isto é: "Vem! Fala com este cego!". E em nenhuma vez frei Bernardo se distraiu. Por isso, não foi ter e nem falou com São Francisco. assim, São Francisco se retirou um tanto isolado, estranhando e quase se lamentando interiormente que frei Bernardo, três vezes por ele chamado, não quisera vir.
São Francisco, porém, assim pensando a caminho, ao se retirar disse ao companheiro: "Espera um momento!". E se entregou à oração num canto solitário. E eis que lhe veio a resposta divina, dizendo: "E por que te perturbas, tu, pobre homenzinho? Por acaso o homem deve deixar Deus por alguma criatura? Pois, frei Bernardo, quando tu o chamavas, estava comigo unido a mim. È por isso que não podia ir e nem mesmo responder a ti. Portanto, não te admires se ele não pôde falar contigo, pois estava de tal modo fora de si que, de tuas palavras, absolutamente nada ouviu". São Francisco, ao compreender isto, de imediato volta correndo a frei Bernardo, para acusar-se humildemente do mau juízo anterior. Frei Bernardo, porém, verdadeiramente santo, corre imediatamente ao encontro de São Francisco e lança-se-lhe aos pés. E a humildade de São Francisco e a caridade e a reverência de frei Bernardo se encontraram. E, tendo relatado a divina repreensão recebida, São Francisco mandou frei Bernardo lhe impor por obediência tudo quanto, a ele Bernardo, ordenasse. Este, porém, temendo que São Francisco se impusesse algo de excessivo, como costumava fazer, quis eximir-se da piedosa obediência e disse: "Estou pronto, pai, para fazer a vossa obediência, com tanto que também vós me prometais obediência nas coisas que vos disser". "Aceito", respondeu São Francisco. Frei Bernardo, então, disse: "Dizei, pai, tudo que quereis que eu faça". E São Francisco: "Para punir a presunção e o atrevimento do meu coração ordeno-te pela santa obediência que, quando eu me deitar no chão, pises com um pé na minha garganta, calando-a e, com o outro pé posto sobre minha boca, de modo que me calques com os teus pés na garganta e na boca, passando sobre mim de um lado ao outro, três vezes. E, ao assim passares por sobre mim, dir-me-ás impropérios: Jaz aí, seu grosso, filho de Pedro Bernardone!. E outras mais e maiores injúrias me infligirás, dizendo: "De onde te vem tanta soberba, tu que és uma criatura vilíssima?".
Foi duro para frei Bernardo fazer o que ouviu. Todavia, por causa da obediência, realizou a tarefa de modo mais cortês possível. Feito isso, disse São Francisco: "Agora, frei Bernardo, ordena-me o que queres que eu faça, porque te prometi obediência". Frei Bernardo então disse: "Ordeno-te pela santa obediência, que me corrijas de meus defeitos e me repreendas mais asperamente sempre que estivermos juntos".
Ao ouvir esta ordem, São Francisco ficou muito perplexo porque frei Bernardo era de tanta santidade que ele o tinha em grande reverência. Por isso, desde então, São Francisco cuidava para não ficar mais tempo com ele, para não acontecer que uma alma tão santa e tão divina viesse a pedir-lhe alguma correção, por causa daquela obediência. Mas, quando desejava vê-lo ou ouvi-lo falar de Deus, depois do encontro, se despedia rápida e prontamente.
E era uma maravilha ver como no reverendo pai e no seu primogênito, frei Bernardo, se porfiavam entre si uma certa batalha de cada um, ou melhor, iam de encontro mutuamente entre si a obediência e a caridade, a paciência e a humildade de ambos.

Para o louvor e a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Sérgio Maria Monteiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário