sexta-feira, 18 de março de 2011

18 de Março–Início da Ordem das Clarissas


Em 1212, a jovem Clara de Assis seguiu o atraente exemplo de Francisco e viveu, dentro da clausura e na contemplação, o ideal de pobreza evangélica. Surgiu, assim, a Ordem das Clarissas, ou a Segunda Ordem Franciscana.
Santa Clara nasceu em Assis, Itália, por volta de 1194, numa família rica e nobre. Seus pais chamavam-se Favarone e Hortolana, sendo Clara a filha primogênita. Com Inês e Beatriz, suas irmãs menores, que mais tarde também entrariam no Mosteiro de São Damião, Clara esforçava-se no amor a Jesus e sentia em seu coração o chamado para segui-lo.

Clara sonhava com uma vida mais cheia de sentido, que lhe trouxesse uma verdadeira felicidade e realização. O estilo de vida dos frades a atraía cada vez mais.


Depois de muitas conversas com Francisco, aos 18 de março de 1212, (Domingo de Ramos), saiu de casa sorrateiramente em plena noite, acompanhada apenas de sua prima Pacífica e de outra fiel amiga, e foi procurar Francisco na Igrejinha de Santa Maria dos Anjos, onde ele e seus companheiros já a aguardavam.
Frente ao altar, Francisco cortou-lhe os longos e dourados cabelos, cobrindo-lhe a cabeça com um véu, sinal de que a donzela Clara fizera a sua consagração como Esposa de Cristo. Nem a ira dos seus parentes, nem as lágrimas de seus pais conseguiram fazê-la retroceder em seu propósito. Poucos dias depois, sua irmã, Inês, veio lhe fazer companhia, imbuída do mesmo ideal. Alguns anos após, sua mãe, Ortulana, juntamente com sua terceira filha Beatriz, seguiu Clara, indo morar com ela no conventinho de São Damião, que foi a primeira moradia das seguidoras de São Francisco.
Com o correr dos anos, rainhas e princesas, juntamente com humildes camponesas, ingressaram naquele convento para viver, à luz do Evangelho, a fascinante aventura das Damas Pobres, seguidoras de São Francisco, muitas das quais se tornaram grandes exemplos de santidade para toda a Igreja.
As Irmãs Clarissas vivem um estilo de vida contemplativa, sendo enclausuradas. Quer dizer que não têm, normalmente, uma atividade pública no meio do povo, dedicando-se mais à oração, à meditação e aos trabalhos internos dos mosteiros.
A Podemos dizer que sem Clara a experiência de Francisco é incompleta; ela é um testemunho excepcional da herança do ideal evangélico que nasce em Assis e incendeia o mundo há 800 anos. Ela é a versão feminina do ideal franciscano.

Clara e Francisco são arquétipos humanos e protótipos da encarnação do evangelho; uma rigorosa mudança pessoal, uma cordial vivência fraterna, uma conversão de ternura e cuidado, um verdadeiro encontro entre espírito e afeto.

Em Clara, Francisco encontra o seu coração de mãe; em Francisco, Clara encontra o seu coração de irmã.

O conhecimento do espírito e dos projetos do Movimento de Assis permaneceria incompleto sem Clara, ela que seguiu de perto a nova vida e as práticas do início da nossa forma de viver. "Clara assimilou profundamente o espírito de Francisco, conservando em si o estado mais puro deste espírito. O seu testemunho é digno da mais alta consideração" (K. Esser).

Até os inícios do século XX pode-se dizer que a vida de Clara era conhecida somente através de biografias cheias de devoção, baseadas sobre a sua Legenda, ora atribuída a São Boaventura ora a Tomás de Celano. Mas vamos elencar alguns momentos que alavancaram o conhecimento da nossa Mãe fundadora.
1. No ano de 1912 comemorou-se os 700 anos da Vocação de Clara e a Fundação das Clarissas. Aí surgiram os estudos sobre as pesquisas de Lemp (1892) e de Lemmens (1902). Com Oliger (1912) e Lazzeri (1912-1920) crescem as novas investigações sobre Clara. Foi muito importante neste período a descoberta e a publicação do "Processo de Canonização", mérito de Lazzeri. Nos dez anos seguintes vieram os estudos críticos junto com as Fontes Clarianas, como os de Martin de Barcelona (1921) e de Fassbinder (1936).
2. No ano de 1953 temos os 700 anos da morte de Clara; aí foram abundantes as publicações de todos os gêneros. Destacaram-se Hardick, Grou, Franceschini e Arnaldo Fortini. As publicações vieram com a grande ajuda do Protomonastero de Assis e com a publicação de "Santa Chiara: Studi e Cronaca". A partir de então pudemos conhecer as "Cartas para Inês de Praga" que ajudaram muito no perfil da espiritualidade e personalidade da fundadora.
3. A partir de 1965 o Concílio Vaticano II determina o retorno às origens e com isso influencia o desejo de aprofundar os escritos pessoais de Clara para colher aí seus ideais em toda a sua autenticidade, como base de renovação do rosto feminino do franciscanismo e a descoberta de uma verdadeira, original e própria espiritualidade.
4. No ano de 1994 celebramos o 8º Centenário do nascimento de nossa mãe, irmã e mestra. Novas publicações marcaram a família franciscana e clareana. Aqui no Brasil destacamos a publicação das "Fontes Clarianas", com tradução e comentários de Frei José Carlos Pedroso e "Clara de Assis, A primeira mulher franciscana", de Anton Rotzetter, Vozes-FFB. Frei Clarêncio Neotti coordenou a comissão central do 8º Centenário que nos legou os excelentes fascículos: "Recomeçar com Clara e Francisco", "Caminhar com Clara e Francisco", "Para celebrar Santa Clara", "Para Rezar com Clara e Francisco".
5. E finalmente estamos celebrando os 750 anos da morte de Santa Clara. Ano Clariano! Não podemos deixar de ler a excelente Carta do Ministro Geral Frei Giacomo Bini, OFM, "Clara de Assis: um hino de louvor" , na qual ele lembra que "também uma carta pode tornar-se lugar de comunhão, de diálogo fraterno, para descobrir aquele algo novo a respeito do Senhor que Clara pedia a Junípero e que nossos tempos e nossas gerações ainda esperam de nós com urgência".
Graças a estes momentos celebrativos, muitos valores da grande fundadora chegam até nós. A presença e a mensagem de Clara são parte integrante e imprescindível da espiritu-alidade franciscana. Não se pode falar de Francisco sem Clara de Assis.

Frei Vitório Mazzuco Filho

Fonte: http://www.capuchinhas.com.br/html_capuchinhas/a_vida_de_santa_clara.htm

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