sexta-feira, 14 de abril de 2017

SEXTA FEIRA SANTA

  sexta-feira-da-paixao    

Frei José Carlos da Silva, ofm

Nós que acompanhamos a entrada de Jesus em Jerusalém... nós que O aclamamos com Hosana ao Filho de Davi... nós que estendíamos nossos ramos durante sua passagem... agora aqui nos encontramos aos pés da CRUZ. Na Cruz se consuma a missão de Jesus. O “tudo está consumado” não significa “chegou ao fim”, mas sim, que “a vontade do Pai foi realizada, em tudo e perfeitamente”.  O que celebramos nesta Sexta Feira Santa não é a morte de Jesus, mas sua vitória sobre a morte, sobre a violência, sobre a maldade humana, sobre o egoísmo, e sobre tudo o que impede o ser humano de aceitar livremente o amor de Deus e sua vontade.


        O Senhor está pregado na Cruz.  Tinha esperado por ela durante muitos anos, e naquele dia cumpria-se o seu desejo de redimir os homens... o que até então tinha sido instrumento infame e desonroso (a cruz), convertia-se em árvore de vida e escada de glória. Invadia-o uma profunda alegria ao estender os braços sobre a cruz, para que todos soubessem que era assim que teria sempre os braços para os pecadores que dEle se aproximassem: a b e r t o s!
Jesus está suspenso na Cruz. Ao seu redor, o espetáculo é desolador: alguns passam e injuriam-no, outros zombam dEle, e outros ainda, indiferentes, ficam como observadores apenas. Não há censura alguma nos olhos de Jesus: apenas piedade e compaixão. Jesus viu – e isso o cumulou de alegria – como a Cruz seria amada e adorada, porque Ele iria morrer nela. Viu os mártires que, por seu amor e para defender a verdade, iriam padecer um martírio semelhante ao seu. Viu o amor dos seus amigos. .. viu as suas lágrimas diante da Cruz. Viu o triunfo e a vitoria que os cristãos alcançaram com a arma da Cruz. Viu os grandes milagres que, pelo sinal da Cruz, se iriam realizar em todo o mundo. Viu tantos homens que, com a sua vida, iriam ser santos por terem sabido morrer como Ele o por terem vencido o pecado. Viu como nós iríamos beijar tantas vezes um crucifixo. Viu o nosso recomeçar em tantas ocasiões...
Por que tanto padecimento?: tudo o que Ele padeceu é o preço do nosso resgate!
Qual deve ser então a nossa atitude no dia de hoje?
Mergulhar na dor de Cristo, deixar-se compenetrar e impressionar por Ele?
Sim, mas não podemos parar só nisso. A dor é só um sinal. A realidade significada é o Seu imenso Amor por nós. E a nossa resposta? Quem ama não quer receber compaixão, mas sim, amor em retorno. Diz São Boaventura: “ Sic nos amantem, quis non redamaret?”  (Como não amarmos de volta a quem nos amou tanto?)
         Esta é a verdadeira adoração da Cruz: a adoração do seu poder salvador, mas também do amor sem limites de que ela é sinal.  Nós recebemos agora os frutos do Amor de Jesus na Cruz. Só o nosso não querer pode tornar vã a Paixão de Jesus Cristo.
         Mais que morrer, Jesus prossegue o seu oferecimento aos irmãos e a Deus, continua a perdoar e persiste em amar a todos até o fim. E na medida em que nos unimos a Ele e aos irmãos estaremos colaborando para que a morte de um justo não seja mais uma vez tida como vã e que o seu sangue vertido, de uma vez por todas, não seja mais uma vez motivo de escárnio...
Parece que o mundo ainda não compreendeu a mensagem de Jesus de Nazaré, mensagem de AMOR e DOAÇÃO que vemos expresso na cena do Calvário.
         Esta celebração é um momento especialmente apropriado para meditarmos nesse amor de Jesus por todos nós e de como estamos retribuindo a esse amor.
         Eis que as esperanças da humanidade parecem derrotadas...
         Eis que o Rei, o esperado, aclamado, seguido, ouvido, encontra-se pregado numa Cruz...
         No entanto, eis que mais uma vez o céu se une à terra não mais no ventre de uma mulher, mas no alto do Calvário, no ventre da terra...
         Eis que o mistério da criança de Belém se concretiza... e o Glória a Deus nas Alturas e Paz na terra aos homens de boa vontade... se completa nas palavras do soldado, junto à Cruz: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus”
         Não há estações suficientes nesta Via Dolorosa que possa retratar todas as formas pelas quais o Senhor sofreu e foi crucificado e continua sofrendo e sendo crucificado... que a morte de um justo não seja tida como vã, inútil;  e que o seu sangue vertido na Cruz não seja motivo de escárnio...
Olhemos atentamente para a Cruz...  Que este encontro de DOR e de AMOR nos ensine a lição de AMAR VERDADEIRAMENTE e a lição da OFERTA TOTAL a Deus e aos irmãos!

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