sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CRUCIFIXO DE SÃO DAMIÃO

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“Francisco, vai e reconstrói minha Igreja”.

Foi este Crucifixo que Francisco ouviu dizer, na pequena e abandonada igreja de São Damião:

Um artista italiano desconhecido o pintou no século XII num pano colado sobre uma

madeira de nogueira.

Ele possui 1,90m de altura, 1,20m de largura e 12cm de espessura.

Este é o Crucifixo e o Cristo glorioso que Santa Clara contemplará durante toda a sua

vida, durante todo o tempo em que permaneceu no Mosteiro de São Damião (1212 -

1253). Por isso, falará tantas vezes no “Rei da glória”.

Em 1259, após a morte de Santa Clara, quando as primeiras clarissas deixaram a igreja

de São Damião e passaram a morar na igreja de São Jorge (atual Basílica de Santa

Clara), para ficarem junto do corpo de sua Fundadora, levaram consigo este Crucifixo

que ficava sobre o altar. Abaixo vamos analisar cada pedaço que compõe o Crucifixo de São Damião, ressaltando os seus elementos mais significativos:

A figura central do ícone é o Cristo, não só por seu tamanho, mas também por ser o Cristo a figura luminosa que domina a cena e transmite luz para as demais figuras.

Os olhos de Jesus estão abertos: Ele olha para o mundo que salvou. Ele vive e é eterno.

A veste de Jesus é um simples pano sobre o quadril – o que simboliza tanto o Sumo

Sacerdote como a Vítima. O tórax e o pescoço são muito fortes. Atrás dos braços

esticados do Cristo está seu túmulo vazio, representado pelo retângulo preto.

Existem 34 figuras no Ícone:

2 imagens de Cristo

1 mão do Pai

5 figuras maiores

2 figuras menores

14 anjos

2 pessoas nas mãos de Jesus

1 menino pequeno

6 pessoas ao fundo da Cruz

1 galo.

Há 33 cabeças em torno da cruz, dentro das conchas, e sete ao redor da auréola.

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Na parte de cima da Cruz A ascensão é retratada no círculo vermelho: Cristo está

saindo dele segurando uma cruz dourada, que agora é Seu símbolo de realeza.

As vestimentas são douradas, símbolo de majestade e vitória.

A estola vermelha é um sinal de sua autoridade e dignidade supremas exercidas no

amor.

Anjos lhe dão boas-vindas no Reino dos Céus.

IHS são as três primeiras letras do nome de Jesus em grego. NAZARÉ é o Nazareno.

É o Cristo na glória!!!

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De dentro do semicírculo, na extremidade mais alta da cruz, está Deus Pai, se revela

numa benção. Esta benção é dada pela mão direita de Deus, com o dedo estendido.

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Em torno da cruz há ornamentos caligráficos que podem significar a videira mística,

“Eu sou a videira, vós os ramos…” (Jo15, 5). Na base da cruz há algo que parece ser

uma pedra - o símbolo da Igreja. As conchas do mar são símbolos de eternidade, que

nos é revelado.

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Do lado esquerdo da Cruz Como no evangelho de São João, Maria e João são

colocados lado a lado junto à Cruz. O manto de Maria é branco, significando vitória (Ap

3,5), purificação (Ap 7,14) e boas obras (Ap 19,8). As pedras preciosas no manto dizem

respeito às graças do Espírito Santo.

O vermelho escuro usado indica intenso amor, enquanto a veste interna na cor

purpúrea lembra a Arca da Aliança (Ex 26, 1-4).

A mão esquerda de Maria está no rosto, retratando a aceitação do amor de João, e sua

mão direita aponta para João, enquanto seus olhos proclamam a aceitação das

palavras de Cristo: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo19, 26).

O sangue goteja em João neste momento. O manto de João é cor de rosa que indica

sabedoria eterna, enquanto sua túnica é branca - pureza. Sua posição é entre Jesus e

Maria, o discípulo amado por ambos. Ele está olhando para Maria, aceitando as palavras

de Jesus: “Eis aí tua mãe” (Jo19, 27).

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Do lado direito da Cruz Maria Madalena, que era considerada por Jesus de uma forma

muito especial, está junto à cruz. Sua mão está no queixo, indicando um segredo “Ele

ressuscitou”. Sua veste tem cor escarlate, que simboliza amor, e seu manto azul

intensifica este símbolo. Maria de Cléofas usa veste cor castanha, símbolo de

humildade, e seu manto verde claro (esperança). Sua admiração por Jesus é

demonstrada no gesto de suas mãos.

O centurião segura, na mão esquerda, um pedaço de madeira representado sua

participação na construção da sinagoga (Lc 7,1-10). A criança ao lado é o seu filho

curado por Jesus. As três cabeças atrás do menino mostram: “e creu, tanto ele, como

toda a sua casa” (Jo 19,28-30). Tem três dedos estendidos, símbolo da Trindade, e os

outros dois fechados, simbolizando o mistério das duas naturezas de Jesus Cristo (divina

e humana). “Este homem era verdadeiramente o filho de Deus” (Mc 15,39).

Em tamanho bem menor encontra-se Longinus, soldado romano que feriu o lado de

Jesus com uma lança, e Estefânio, que a tradição diz ofereceu a Jesus uma esponja

encharcada com vinagre após Ele ter dito “tenho sede” (Jo 19,28-30).

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Na parte de baixo da Cruz embaixo dos pés de Jesus existem seis santos

desconhecidos que estudiosos afirmam ser Damião, Rufino, Miguel, João Batista,

Pedro e Paulo, todos patronos de igrejas das vizinhanças de Assis

São Damião era o patrono da igreja que alojou a cruz e São Rufino o patrono de Assis.

Essa parte da pintura está muito danificada e não permite uma adequada identificação.

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Há dois grupos de anjos - que animadamente discutem as cenas que se desenrolam

diante deles.

“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que

todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16)

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Como já foi mencionado, atrás de Cristo está o seu túmulo aberto. Cristo está vivo e venceu a morte

O vermelho do amor supera o escuro da morte.

Os gestos de mão indicam fé, a fé dos santos desconhecidos. Seriam Pedro e João junto

ao sepulcro vazio? (Jo 20,3-9). Existe um galo também pintado neste ícone. A sua

inclusão recorda a negação de Pedro, que depois chorou amargamente. O galo

igualmente proclama novo despertar do Cristo ressuscitado. Ele que é a verdadeira Luz

(1Jo 2,8). O formato tradicional da cruz foi alterado para permitir ao artista a inclusão

de todos aqueles que participaram da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

À direita da cruz está o ladrão bom, chamado tradicionalmente Dimas; à esquerda está o ladrão mau.

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