sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A serviço do Evangelho e da fraternidade: uma proposta franciscana

 

 

 

“Vamos começar a servir a Deus, meus irmãos, porque até agora fizemos pouco ou nada.” (1Cel 103,3; LM 14,1)

 

 

Por Frei Luiz Pinheiro Sampaio, OFMCap

A caminhada franciscana, enquanto serviço, deve ser pautada pelo Evangelho nas dimensões concretas da vida. Deve haver uma estreita relação entre as realidades da Palavra e do cotidiano. Em todo o seu peregrinar, São Francisco e Santa Clara de Assis harmonizaram muito bem essas dimensões. Para eles era impossível separar o Evangelho da vida e vice-versa. Portanto, quando falamos de serviço evangélico e de fraternidade evangélica precisamos ter diante de nós, franciscanos e franciscanas, a compreensão de que estamos servindo a Jesus Cristo (Evangelho do Pai) e à Fraternidade, que abrange a comunidade de irmãos e irmãs (koinonia), a igreja-povo de Deus (ecclesia), a sociedade humana e a ecologia (a harmonia entre as pessoas e todas as criaturas).
Para os iniciadores do Movimento Franciscano, o compromisso assumido significava não descansar nunca nem se acomodar frente aos desafios e apelos concretos da existência humana. Entretanto, encontramos no seio da Fraternidade franciscana, de ontem e de hoje, quem acha mais fácil servir ao Evangelho como algo maravilhoso e bonito, aquilo que agrada e é suave, sem amargor e dificuldades. Para São Francisco, o amargo se lhe transformara em doçura (Test. 1), pois aprendera a encarar as mazelas da vida com muita coragem. É neste sentido que o Santo se posicionava tenazmente contrário ao irmão que não assumia a própria vocação de frade menor. A quem agia desse modo, ele dava o apelido de “irmão mosca”, porque, como tal, não contribuía com nada e só queria se beneficiar das coisas da Fraternidade.