sábado, 25 de janeiro de 2014

PERTO OU LONGE, O OUTRO É SEMPRE IRMÃO

Frei Almir Ribeiro Guimarães,OFM

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Bem-aventurado o servo   que tanto ama e respeita o seu irmão quando este estiver longe dele como quando estiver com ele; e não disser por trás dele aquilo que, com caridade, não pode dizer diante dele ( Admoestação  XV)

  • O tema do respeito e da reverência para com o irmão é fundamental para todos os cristãos e, de modo particular, para nós franciscanos.  Constituímos fraternidades em diferentes níveis.  Em todos os lugares e cantos somos conhecidos  como irmãos,  membros que tratam seus pares com a delicadeza reverente do irmão.  Ao longo do tempo da vida trabalhamos a fraternidade, melhoramos nosso jeito de ser irmão. Esmeramo-nos em não ofender o amor fraterno.
  • Tudo começa com essa consciência dos cristãos: temos todos um e mesmo Pai.  Ele sonhou e “inventou” cada um de nós.  Uns e outros saímos do seio de Deus, do coração de Deus, como os irmãos de sangue nascem do seio da mesma mãe. Assim, diante do Pai estamos ligados para sempre.  Não podemos e não queremos  nos separar uns dos outros.
  • Temos ainda um irmão em comum: Jesus Cristo. Este deu a vida pelos irmãos.  “Como é santo e dileto, muito aprazível, humilde, pacífico, doce, amável e acima de tudo desejável ter tal irmão e tão filho: Nosso Senhor Jesus Cristo que expôs sua vida pelas suas ovelhas “  (Carta aos Fiéis, primeira recensã0, I, 13).
  • Vivemos laços de fraternismo em nossa fraternidade local.  Fazemos aí o que temos que fazer da melhor maneira possível porque fazemo-lo para o irmão: a melhor comida, a mais escolhida atenção, a sala mais bonita, a beleza das flores,  o incentivo de nossa presença otimista e fraterna.
  • Detemo-nos para conversar com eles. Manifestamos nosso agradecimento por sua vinda, seu trabalho, sua pessoa.  Respeitamos e reverenciamos o outro que está presente. Tudo sem bajulação, tudo de maneira simples, mas verdadeira.
  • Adivinhamos aquilo de que o outro precisa.  Damos mais do que nos é pedido.  Não deixamos passar ocasiões para manifestar  nossa estima sem artificialismo e rebuscamento. Elogios rasgados e exagerados soam a falsidade.
  • Respeitamos o outro quando está presente, mas também quando ausente. Evitamos comentar em público o que nos desagrada no outro, bem como seus erros e seus deslizes.  Assim, não pecamos contra a caridade. A honra do irmão é respeitada. 
  • De alguma forma a admoestação aponta para a correção fraterna.  Este é um exercício delicado.  Nosso amor fraterno nos proíbe de deixar o irmão no erro.  O ministro local, o assistente espiritual ou simples irmão necessitam chamar os afastados, os que deixaram de seguir Jesus, os que se melindraram, os que eventualmente cometeram atos lesivos aos outros. O Evangelho e Francisco nos proíbem  dizer por trás do irmão  aquilo que não teríamos coragem de dizer com caridade em sua presença.  Na medida não só do possível, mas mesmo do impossível, não dizemos em público os “defeitos” do irmão.
  • A visita fraterno-pastoral é o momento de correção de eventuais falhas. Eis algumas delas que podem ser corrigidas fraternalmente: falta de atuação do ministro local e seu conselho;  alertar para a formação precária quando esta for precária;  lutar para que ninguém se afaste da fraternidade; cobrar zelo do conselho local de acompanhar o crescimento espiritual de cada irmão; corrigir os indolentes que perderão o gosto pela ação evangelizadora;  condenar todo espírito de murmuração;  alertar os irmãos para que não percam o espírito da  oração e da devoção.  Sempre de novo: respeitar o irmão.  Respeitar é também corrigir fraternalmente.
  • Terminamos estas reflexões com pensamentos de Caetano Esser, OFM, em seu comentário  Exortações de Francisco de Assis, Braga 1976): “O autêntico amor fraterno, quando é verdadeiramente cristão, exprime-se pela reverência.  Esta é, sem dúvida, o núcleo, o ponto mais íntimo do mistério do amor cristão. Decorre e é alimentada pela reverência que se tem para com Cristo, que mediante a graça vive em nossos irmãos. O homem experimenta  a reverência  perante o  “santo” , perante Deus.  Por isso, deveria sentir reverência perante tudo aquilo que tem relação com Deus.  Infelizmente esquecemos isto com demasiada frequência!  Eis porque o nosso amor fraterno deve ser sempre reverente: em última análise deve ser alimentado pela nossa reverência para com Deus, desde que não seja meramente exterior.  Importante exercitar e conservar este amor reverente  não só  quando o outro está presente, mas  -  e isto é muito mais difícil  -  também quando o outro está ausente. É precisamente durante estas ausências que este amor reverente, como nos deixa entrever Francisco, facilmente e muitas vezes  é ferido com comentários sem amor, e até com juízos e condenações desapiedadas; e disto não estão imunes  nem sequer os cristãos e as comunidades franciscanas” (p. 317-318).

Fonte: http://www.ofs.org.br/

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