Ao longe a paisagem seca, ilustrada com as antigas oliveiras, fruto gerador de renda para muitas famílias palestinas, nos anuncia que bem perto está a cidade de Belém, na Terra Santa.
Cidade de Belém mais ao alto
Hoje com 30 mil habitantes, a população da cidade é formada por cristãos e muçulmanos. A sua maior grandeza consiste no nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, predito por muitos profetas do Antigo Testamento. Como fez o profeta Miquéias, que já anunciava o nascimento do Messias: “Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado” (Mq 5, 2).
Os judeus daquele tempo esperavam um messias que seria um enviado de Deus para libertar Israel e torná-la uma nação forte e independente. A esperança judaica de um messias difere da visão cristã, pois, para o Judaísmo, Messias e Deus não podem ser a mesma pessoa.
Jesus, de acordo com nossa fé cristã, é a Shekinah, ou seja, a presença de Deus, que assume nossa carne e se torna pessoa.
O Natal é celebrar essa profecia concretizada, quando esse lugar escolhido pelo céu [Belém] ganha uma atenção especial nesta época do ano.
A magnífica Basílica da Natividade, local em que o Menino Jesus nasceu, foi edificada sob a supervisão da mãe do Imperador Constantino. Escritores do quarto e quinto séculos descreveram-na pela riqueza de seus mármores, mosaicos, afrescos e a estrela de prata, a qual faz uma analogia à estrela que guiou os Reis Magos até o Menino Deus. Essa primeira basílica foi queimada pelos samaritanos em uma revolta no ano 529.
O prédio atual foi reconstruído pelo imperador Justiniano, que manteve o desenho original.
Em 1187 Saladim conquistou Jerusalém, mas permitiu que a basílica continuasse aberta ao culto, cobrando apenas um pequeno tributo. Prudentemente os cruzados construíram uma porta de 125 centímetros de altura, que chamaram de “porta da humildade”. Dessa forma, as pessoas eram e ainda são obrigadas a se curvarem para adentrar o local. Na realidade, a baixa altura também garantia que pessoas a cavalo não entrassem no local.
Os franciscanos estão em Belém, no convento construído pelos cruzados para a ordem agostiniana, desde 1333. Ao lado desse mosteiro, hoje, está a igreja de Santa Catarina, paróquia franciscana de rito latino, onde se ministram os sacramentos e a Liturgia para a comunidade de cristãos árabes do local, que representam dois por cento da população da Cisjordânia. Nesta mesma igreja o patriarca celebra a Santa Missa da noite de Natal todos os anos, e o Custódio da Terra Santa conduz a celebração da Epifania no dia 6 de janeiro.
Quando se chega ao local em que está a estrela da Natividade, de acordo com um costume muito antigo, muitas pessoas apoiam os braços ao lado da estrela, aproximam a cabeça e abrem a boca sobre ela. Esse é um costume que surgiu no século VII e foi testemunhado por Sofrônio (um homem importante daquele tempo, que se tornou Patriarca de Jerusalém), quando todos diziam que com os olhos e a boca abertos e a cabeça ali receberiam um dom espiritual, envolvendo diretamente a questão da santidade, um dos sete dons, de forma mais forte, mais efusiva.
Aproximadamente 35 túmulos foram encontrados ali, um deles foi usado para sepultar São Jerônimo. Uma possível teoria sobre o fato seria de que os cristãos queriam ser enterrados próximos aos locais santos. As grutas são dedicadas a São José, aos Mártires Inocentes e, claro, a São Jerônimo, o tradutor da Bíblia para o Latim, a Vulgata.
Aqueles que iam até Belém, e os que moravam ali, não iam até o lugar sagrado simplesmente atrás de conhecimento, não era como nos dias de hoje em que muitas pessoas vão e querem tirar fotos para colocar na sala e relembrar aquele tempo da peregrinação.
A principal motivação não era levar as informações adquiridas, mas “viver aquilo” que o local sagrado era capaz de mostrar. E por quê? Porque aquele não era um local qualquer, naquele lugar, de forma sobrenatural, Deus se manifestou.
Os peregrinos tinham uma consciência muito clara disso, era isso que os animava a gastar tanto dinheiro e tanto tempo, muitos meses de peregrinação para estar ali nem que fosse por um minuto; e muitas vezes era só um minuto mesmo.
Em Belém é Natal todos os dias. Ali todos os peregrinos entoam canções natalinas agradecendo por tanto amor que Deus tem por nós. Hoje nasceu para nós o Salvador, que é o Cristo Senhor.
Fonte: Canção Nova
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