Por Frei Edson Matias, OFMCap.
Francisco nos deixou um Testamento. Nele não fez outra coisa a não ser relembrar sua experiência inicial com o senhor e como foi aos poucos deixando o mundo. Interessante notar que o santo volta a todo o tempo àqueles momentos iniciais de sua caminhada, ao mesmo tempo em que olha ‘para trás’ (não como a mulher de Ló, Gn 19,26) não perde a visão rumo ao futuro. Diz ele no início do Testamento:
O senhor deu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência assim: como tivesse em pecado, parecia-me demasiadamente amargo ver leprosos. E o próprio Senhor conduziu entre eles e fiz misericórdia com eles. E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo, converteu-se em doçura da alma e do corpo; e, em seguida, detive-me mais um pouco e saí do mundo. (T, p. 83).
Francisco fala de seu caminhar tentando mostrar a seus irmãos – nós – como se deu a experiência com Jesus e sua conversão e como também devemos fazer. O Pai seráfico se faz um mistagogo. Quer apresentar o mistério e como adentrar em seu caminho. E a ‘única’ coisa que usa são de palavras simples, relatando sua caminha rumo ao Senhor.
Dizemos então que a memória que Francisco resgata constantemente em seu caminho remete a experiência com o mistério. Entretanto, memória nesse caso não se trata, como a endentemos no cotidiano da vida, quando dizemos: “Humm... Lembrei!”, ou ao pensarmos que trata apenas de uma recordação de algo que ocorreu em um dado momento de nossa história e que não mais está presente. A idéia de ‘memória’ aqui apresentado no contexto do Testamento é reviver, saber que existe algo que fundamenta toda a caminhada. Algo que não está simplesmente esquecido no passado e sim, presente e atuante. Francisco rememora na tentativa de possibilitar o entendimento. Podemos dizer que rememorando, o santo se faz mistagogo.
A presença divina no coração de Francisco, que o tocou de forma especial no passado, (momento conversivo) acompanhou em toda sua trajetória. Francisco sabia, conhecia e assim reverenciava o que o Espírito Santo manifestava forma de intuição. E para estar sempre atento, era um homem casto e pobre. Pois somente dessa forma, podia perceber a vontade do senhor. Em outras palavras, o pobrezinho sabia o caminho, o que fazer para adentrar ou deixar ser invadido por Jesus Cristo.
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