"A ajuda divina vem para aqueles que pedem de coração, humilde e devotamente."

Do Itinerarium Mentis in Deum, de São Boaventura, Bispo.

    "Não se pode entrar na contemplação da Jerusalém celeste, se não entrar no sangue do Cordeiro como através de uma porta. Bem-aventurado o homem que tem o seu refúgio em vós, e preparado em seu coração, neste vale de lágrimas, os passos para subir ao lugar preparado para o Senhor.

A ajuda divina vem para aqueles que pedem de coração, humilde e devotamente.

Assim como ninguém chega à sabedoria senão pela graça, justiça e conhecimento, assim tampouco se leva à contemplação, senão através de profunda meditação, oração, uma vida santa e devota.

Na origem das coisas... proclama o poder divino que a partir do nada as criou, a sabedoria divina as fez claramente diferentes e a divina bondade as adornou largamente.

O que com tantos esplendores das coisas criadas não se ilumina, está cego; o que com tantos gritos não desperta, está surdo o que por todos estes feitos não louva a Deus, está mudo; o que com tantos sinais de avisos não se converte ao Primeiro Princípio, é um tolo.

Desde a criação do mundo, as coisas invisíveis de Deus tornaram-se criaturas intelectualmente visíveis deste mundo, de tal maneira que não têm desculpas aqueles que não querem considerá-las, nem conhecer, nem abençoar, nem amar a Deus em todas elas.

No entanto, um é iluminado pela luz da razão natural e da ciência adquirida, não pode entrar em si para alegrar-se no Senhor, senão através de Cristo, que diz: Eu sou a porta.

Se queremos entrar de novo para a fruição da Verdade, como em um outro paraíso, é necessário entrar pela fé, esperança e caridade do mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, que se tornou a árvore da vida, plantada no meio do paraíso.

Cristo é o caminho e a porta, a escadaria e o veículo, colocado sobre a arca propiciatório e Sacramento escondido em Deus desde tantos séculos.

Quem olha para este propiciatório [misericordioso] (Cristo), volvendo para Ele por inteiro o seu rosto, e o enxerga pendurado na cruz, com sentimentos de fé, esperança e caridade, devoção, admiração, alegria, louvor, honra e alegria, este celebra com Ele a Páscoa da Nova Aliança, iniciada na Quaresma.

Passemos com Cristo crucificado deste mundo para o Pai, a fim de que manifestando-se em nós, digamos como Felipe: Isto nos basta."

Fonte: Reflexões Franciscanas