domingo, 29 de janeiro de 2017
Iniciando 2017
Hoje demos inicio as atividades em nossa fraternidade.
“Nada do que fazemos em nossa fraternidade, nenhuma de nossas atividades, deve deixar morrer o espirito de oração”
Com estas palavras, Frei Jose Carlos da Silva.ofm, nosso assistente espiritual, deu inicio a reflexão que nos trouxe para este dia.
Frei Francisco a Frei Antônio, meu bispo saudações.
Apraz-me que leias a Sagrada Teologia aos frades, contanto que dentro deste estudo não extingas o espírito da santa oração e devoção, como está contido na Regra.
O que deve mover sempre a vida do Religioso, bem como de todo Cristão, é a ação do “espírito da santa oração e devoção”
Verificamos aqui, no contexto desta pequena carta, a contraposição sutil que Francisco faz entre “espírito” e “extingas”: se por “espírito” entendermos o sopro ou o hálito vital de Deus no homem, segundo o próprio conceito bíblico,já o “extinguir”aponta para uma ação inversa. Assim como o “extinguir” não é meramente um fazer desaparecer, mas vem carregado da conotação de fazer morrer, matar, aniquilar o hálito vital. Portanto, o empenhar-se espiritualmente no estudo da Sagrada Teologia, com devoção e oração, exige o contínuo esforço para se manter vivo o sabor do espírito e, sem a posse desse espírito, não pode nem sequer acontecer a verdadeira teologia.
Qualquer ofício dentro de uma fraternidade não pode e nem deve ser executado funcionalmente. O ofício não um fim último em si mesmo, mas sempre é meio para se buscar e viver “o único necessário’', isto é, o estar sempre na posse do “espírito do Senhor e seu santo modo de operar”.
Francisco não faz uma admoestação no sentido de se posicionar contrário ao estudo. A exortação visa advertir para que não caiamos na avidez do saber pelo saber que mata, da mesma forma como o trabalho pelo trabalho também extingue o mesmo espírito. O trabalho e o estudo, bem como qualquer outro ofício, podem se interpor entre o cristão e o Senhor, impedindo assim o exercício da caridade e a humildade e, principalmente, impossibilitando no irmão, na irmã o “rezar sempre a Deus de coração puro”. Em outro texto Francisco faz a mesma advertência: “removam todos os obstáculos e rejeitem todos os cuidados e solicitudes, para, com o melhor de suas forças, servir, amar, adorar e honrar, de coração reto e mente pura, o Senhor nosso Deus, pois é isto o que Ele deseja sem medida.
Existem, nas Fontes Franciscanas, diversas indicações preciosas que nos levam a crer que, da parte de São Francisco, não existia algum ressentimento ou aversão ao estudo como tal, desde que esse estudo favorecesse a “santidade interior do espírito”.
Francisco não despreza e muito menos coloca em níveis inferiores a ciência das coisas santas. A verdadeira inteligência não passa pelo crescer da ciência no homem, mas por um amor a Deus. O Santo de Assis se preocupa com o futuro, especialmente quando a cobiça do saber poderia levar os irmãos a uma terrível presunção: “julgar-se-iam mais fervorosos e mais inflamados no amor de Deus por causa da inteligência das Escrituras; quando, precisamente com o crescer da ciência, ficariam, por dentro, frios e vazios, e assim, não podendo regressar á sua antiga vocação, porque teriam deixado passar o tempo que lhes fora concedido para nela viverem”.
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