Tomás de Celano, um dos biógrafos de São Francisco, conta a história vocacional de Frei João, conhecido como o simples. Certa feita esse agricultor encontrou-se com São Francisco e pediu-lhe para ser frade, pois queria servir a Deus. São Francisco diante de tal desejo e de tão nobre propósito acolheu João, pedindo apenas que renunciasse aos bens em favor dos pobres.
João, entusiasmado pela oportunidade para a realização de seu ideal, apressadamente ofereceu a São Francisco um boi, sua única herança. São Francisco, diante de tamanha disponibilidade e simplicidade ficou muito feliz. Porém, a família quando soube da decisão de João, correu ao encontro de São Francisco, e aos prantos, lamentava não porque ia “perder” um membro da família, mas o boi. O santo, que era cheio de ternura e compreensão devolve o boi e acolhe na Ordem o simples João, dando-lhe a veste da penitência.
Tendo entrado na Ordem, frei João tornou-se muito próximo de São Francisco, por ele tinha uma grande admiração, procurando-o imitá-lo em tudo: se São Francisco meditava, se cuspia, tossia, respirava, chorava, levantava os olhos, se levantava as mãos, João fazia à mesma coisa.
Percebendo as atitudes de frei João, São Francisco perguntou-lhe porque ele fazia isso. O frade na sua simplicidade respondeu: “Prometi fazer tudo o que fazes. Para mim é perigoso escapar alguma coisa”.
A história do frei João nos ajuda a compreender o significado da palavra Mimeses. Frei João ver em São Francisco um referencial, um exemplo, um modelo, para que pudesse seguir e viver plenamente conforme a vontade de Deus.
A história de Frei João ainda nos ajuda a entender qual deve ser a atitude do imitador, daquele que deixa tudo, sua única herança, para consagra-se a Deus numa vida plena em Cristo.
O Imitador é o que se propõe a percorrer o mesmo caminho de outro. Como frei João, o imitador é aquele que faz o propósito de fazer tudo o que o seu mestre faz. A ele fica atento, pois se preocupa que algo lhe escape de forma que não possa imitá-lo.
A sociedade hodierna apresenta e ao mesmo tempo impõe vários modelos a serem seguidos, e aos quais muitos procuram assemelhassem, eclipsando aquele que é o verdadeiro e essencial arquétipo: Jesus Cristo.
Diz o apóstolo Pedro, na sua primeira carta, que nossa vocação é imitar Jesus: "De fato, para isso é que vocês foram chamados, pois Cristo também sofreu por vocês, deixando-lhes exemplo para que sigam os passos dele" (2, 21). (Texto de Frei Rufino Primeiro).
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