A mística poderosa de São Francisco foi seu encontro com Jesus em sua humanidade. São Boaventura diz na legenda que São Francisco tinha Jesus Cristo nos lábios, nas mãos, nos olhos, nos ouvidos, no corpo inteiro, e que buscava em tudo Jesus Cristo em sua humanidade. Esse era o motor de fundo; tudo o mais na sua vida é um esforço para traduzir o significado de Jesus em todas as dimensões da existência.
Cinco pontos fortes norteiam a experiência do encontro com Jesus Cristo em sua humanidade vivida por São Francisco: pobreza, fraternidade, minoridade, cortesia e eclesialidade.
Pobreza - São Francisco se apaixonou pelo Cristo do Presépio, da Cruz e da Eucaristia. E por isso quis ser pobre como o Senhor se nos apresentou. Mas a pobreza que São Francisco vê em Jesus é muito mais profunda do que o não ter; isso é conseqüência. Pobreza é deixar as coisas serem, respeitá-las, não dominá-las, não possuí-las. É também ser solidário. Pobreza, fundamentalmente, conforme a visão de São Francisco, é a capacidade de doar e doar continuamente. Doar a si mesmo, doar seu tempo, doar seus esquemas mentais, doar sua vida, doar seu amor. Pode-se dizer, então, que é pobre não aquele que nada tem, mas aquele que mais se doa. Logo, a pobreza de São Francisco, mais do que uma virtude, é uma maneira de ser que nos remete ao segundo ponto: a fraternidade.
Fraternidade - Francisco quis ser pobre para ser fraterno com todos. E o foi não só com o mundo humano, o que já é tradição cristã, mas com o mundo sub-humano também. É irmão dos pássaros, das águas, do sol, das feras; também as doenças, as angústias, a morte, enfim, a cruz são suas irmãs. Ele acolhe alegre e fraternalmente não só o lado róseo da vida como é normal, mas também o lado contraditório e angustiante, a noite escura dos sentidos e do espírito são chamados de irmãos.
Minoridade - Em Celano 2, 52 vemos São Francisco pedindo aos frades que se ajoelhassem diante dos pobres e dos leprosos. Ele queria fazer isso até com os animais. Isto significa amar e honrar o outro como a seu Senhor; é sinal de submissão e admissão da plena dignidade do outro. A minoridade é uma maneira de ser que coloca a pessoa no servir, sempre aberta ao diálogo e à comunhão com todas as criaturas.
Cortesia - Para São Francisco a cortesia é virtude divina, pois Deus é cortês; dá o sol e a chuva a justos e injustos. A cortesia era expressão da pobreza, de não querer colocar nada sob o seu domínio. Ele foi extremamente cortês para com os seres humanos e para com os animais, pois respeitava todas as coisas.
Eclesialidade - São Francisco amou profundamente a Igreja. Ele não queria fazer nada, nem pregar, nem usar as graças que Deus lhe deu contra a Igreja. Nos sacerdotes-pecadores não queria levar em conta o pecado, mas só o poder que eles têm de lhe entregarem, cada dia, o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Todo o seu potencial de serviço, de vontade pobre, de fraternidade, de minoridade e cortesia foi vivido dentro e para a Igreja.
Ser franciscano é se esforçar cada dia para ser assim como São Francisco de Assis. É caminhar como ele caminhou ao encontro de Jesus Cristo, da natureza, do próximo, de si próprio, da morte. É o fascínio que irradia da pessoa de São Francisco de Assis e da sua mística que faz alguém empreender esse caminho e seguir nesse espírito, até o fim.
CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS FRANCISCANAS DA AÇÃO PASTORAL
CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS FRANCISCANAS DA AÇÃO PASTORAL
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